Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

oitentaeoitosim

06
Mai23

Valores de conjuntura

Jorge

A pandemia desvalorizou a produção de bens regularmente disponibilizada na troca global de bens, mas a procura dos mesmos não se atrofiou - sobreviver é preciso – e logo encareceram automaticamente os bens disponibilizados aos consumidores nos mercados globais, regionais e locais e disso se deram conta os média!

Este fenómeno repetitivo, avaliado em qualquer breve manual, seja de comércio, de economia, ou de finanças, dá pelo nome de inflação (muitas vezes resvala para a especulação). A dita joga nos mercados com um pau de 2 bicos: dum lado tende a desvalorizar os capitais da maioria da população que não sabe dedilhar os cordelinhos da fortuna, do outro valoriza os da minoria possidente, barricada em condomínios fechados, não vá o diabo tecê-las!

A guerra na Ucrânia contribuiu para menor circulação global de bens de consumo do quotidiano (a produção de armas, um bem de saída escassa, essa aumentou). Ora, se a procura não definha, mais uma vez os preços da venda de bens e serviços, nos mercados globais, regionais e locais trepam, automaticamente, ou por aí!

A dita inflação - um indexante promotor também da demonetização – não se faz rogada também nesta situação e automaticamente desequilibra os mecanismos de troca, lixando sobretudo o pessoal dos fundilhos das pirâmides sociais, que os do topo estão ali para as encomendas (prontos inclusive para uma boa jogada especulativa), é dos livros!

Em momento algum, os empresários que operam nos mais diversos mercados se podem dar ao luxo de abdicar do reforço dos lucros, o que poderia representar a morte do artista, que a competição é fera. A redução das margens de lucro dos negócios, numa situação de crise contrairia os sãos princípios morais, culturais e sociais que vivificam o mundo dos negócios dos países e com isso não se brinca!

Os períodos de instabilidade económico-social são excelentes oportunidades de conseguir maiores proventos nos negócios legais (nos paralelos o êxito é sempre mais espaventoso): as empresas mais aptas, os bancos mais hábeis, as bancas mais capazes buscam sempre novas vantagens, a qualidade da tessitura económica da Terra não tolera comiserações, temos pena!

Para alguns observadores da realidade atual, os indesejados aumentos e logo o agravamento das condições de sobrevivência duma maioria sociológica beneficiam mais os agentes económicos que vendem matérias-primas e fontes de energia,  por conta da escassez das extrações; para outros, os transportadores e distribuidores é que ficam com a melhor parte, porque de quem parte e reparte e não fica com a melhor parte muito há que se lhe diga; para outros ainda os governantes são verdadeiramente os maus da fita, por não usarem o poder delegado e abrir mão de taxas, taxinhas e impostos generalistas, ora bem, que até assim teriam uma oportunidade de ouro para somar mais intenções de votos, que ir aos bolsos dos possidentes era brincar com o destino do país (mais rico é o país que vê o quantitativo de milionários em progressão)!

A malta que dá o litro é que não tem hipóteses de fugir aos encargos advenientes da depreciação dos seus rendimentos; do seu papel social ainda não faz parte a tomada de decisões determinantes, tão pouco tem direito à reposição automática dos seus meios de sobrevivência (em luta pela manutenção do nível e qualidade de vida), vale-lhe protestos intermináveis por proventos melhorados, na praça pública!

Acrescente-se que, os preços que vão para a frente, raramente voltam atrás (só na altura de promoções, ou por aí), o que não sei se consta de forma transparente dos livros da especialidade!

Em tempos em que havia moral, todos comiam por igual - ‘tá nos livros - e isso já se deu, há muito, sobretudo por estas latitudes!

PS1 – Há um programa do Governo deste país para ajudar os arrendatários a fazer face a dificuldades com o pagamento de rendas de habitações. Será que todos os arrendatários deste país têm contrato legal, posto em letra de forma, para que possam movimentar-se com precisão nos caminhos sinuosos das repartições do Estado?... Certo é que haverá muitos candidatos já previstos…

PS2 – Está em execução um plano do Governo deste país que prevê a isenção da taxa mais baixa de IVA, 6%, na fatura de 46 produtos alimentares.  E não se poderia ter optado antes pela fixação de preços máximos – com o beneplácito da EU, naturalmente -, a aplicar em transações daqueles produtos em grandes superfícies, lojas de proximidade, de conveniência, mercados, feiras, etc., sendo que as operações seriam sempre acompanhadas de fatura demonstrativa da troca? Certo é que haverá muitos candidatos já previstos…

Valores.gif

                           - É-me difícil dar-lhe um valor ajustado da minha empresa. O que vale mais, 1 milhão de acionistas, ou 1 milhão de seguidores no Twitter?

 

27
Mar23

Futebolices I

Jorge

A

De indagação em indagação, concluo que, em futebol (ou soccer), profissional, amador, ou de amigos, diz-se que uma equipa faz uma goleada, num jogo, só quando se regista estas 2 condições, em simultâneo:

.  Marca, no mínimo, 4 golos;

.  A diferença golos marcados-golos sofridos é igual ou superior a 3.

   Exemplos:

      - 4-0; 4-1; 5-0; 5-1; 5-2; 6-0; 6-1; 6-2; 6-3; e por aí fora!!!

Se uma das equipes sofre uma goleada, é só ver a coisa pelo lado oposto.

Como no meu caso, conheço muitos amantes de futebol que demoraram muito tempo a assentar ideias sobre assunto tão ingente; está demonstrado que a vida sem futebol perde algum encanto e do esclarecimento cabal o encanto reforça-se...

B

 

O jogo da 3ª Liga de futebol masculino profissional terminou aos 90+5 minutos, assevera o locutor. A ser verdade havia ocorrido o seguinte:

    . Aos 45 minutos da 2ª parte do jogo, o árbitro teria acrescentado 5 minutos, por interrupções, assistência médica ou substituições de atletas, no decurso do 2º tempo e tempo-extra inclusive.

   . A 1ª parte do jogo ter-se-ia cumprido em 45 minutos exatos, sem qualquer prolongamento verificado por interrupções, substituições ou assistência médica de jogadores.

Ora, vim a saber que a 1ª parte do encontro tinha sido acrescentada também de 2 minutos exatos, por assistência médica a um atleta da equipa visitante.

Assim, aquele jogo terminou aos 90+2+5, portanto 90+7 minutos, certo?

Se ser picuinhas é gostar de pôr os traços certos nos tês e os pontos adequados nos is, então passem para cá a lista que já ponho o meu nome!

 

C

  

     . Nos começos da atual temporada futebolística profissional masculina, o Vitória Sport Clube, um clube de futebol da I Liga de Portugal, qualificou-se valorosamente para a 3ª pré-eliminatória da Liga Conferência Europa, a 3ª competição mais importante da UEFA, um feito pouco habitual para uma agremiação pouco dada em marcar presença nas competições internacionais de clubes (entretanto, foi eliminada da competição).

No dia seguinte ao jogo, nas primeiras páginas dos jornais desportivos, de cobertura nacional, havia uma pequena referência envergonhada à conquista daquele emblema, enquanto as manchetes – o usual - estavam dedicadas sobretudo ao afã dos atletas (compras e vendas, na poupança linguística dos jornalistas desportivos) das 3 agremiações futebolísticas do topo da pirâmide.

Tal como às muitas pessoas que não frequentam o topo da hierarquia social - local, regional, nacional, ou internacional - não ocorre que se saiba muito da vida delas, a não ser quando o mal bate à porta…

D

Ouve-se dizer de renomados jogadores profissionais de futebol - quase sempre muito bem-dotados e de mui lustrosas contas bancárias (o desporto de massas atrai e ilude muitos milhões) – que têm uma palavra a dizer na gestão das equipas em que atuam. Nada de mais natural, quando o dito e o feito ultrapassam o boato.

Já Hobbes, matemático, teórico político e filósofo inglês, acentuava, há uns 400 e tal anos atrás, que aos mortais de capitais copiosos lhes assenta bem o exercício de poderes. Por esta e outras razões, atualmente está inscrito em milhões de mentes que quem tem mais bem fez por o merecer, a inveja é que desmerece.

futebol.jpg

12
Nov22

Revienga 1

Jorge

. Zulmiro estava interessado num diploma legislativo que sabia estar em consulta pública.

E quis dar o seu contributo, pois orgulhava-se de ser cidadão empenhado.

Foi ao ConsultaLex.

Conseguiu ler o diploma legislativo de cabo a rabo.

Percebeu uma coisa aqui, outra coisinha ali.

Aí constatou que aquela linguagem jurídica, muito a gosto de mandantes era quase impenetrável.

Naquele feudo não tinha lugar!

Antes aprender chinês…

Meu dito, meu feito: já desenrasca uns dizeres e umas dezenas largas de carateres!

-------

Um sacerdote católico cometeu pecados (mortais) contra a pureza com menores postos à sua responsabilidade moral.

Descoberto, foi imediatamente suspenso (padre será toda a vida, pelo sacramento da Ordem). Naturalmente obterá o perdão de deus no confessionário (em tribunal logo se verá).

Há aqui razão para pedir a nulidade das variadas ações do seu ministério?

_____

Um advogado de renome exercia advocacia indevidamente, há 30 anos.

Um periódico expôs-lhe a careca na praça pública.

O dito senhor suspendeu a atividade, entregou a carteira profissional à ordem dos Advogados e fica à espera de prováveis sanções disciplinares e criminais.

Há aqui razão para pedir a nulidade das ações por si conduzidas?

revienga1.jpg

                                            - Esteja tranquilo! Fiz bacharelato em ciências de computação!

 

01
Nov22

Invejidades 2

Jorge

 

   Atualmente o salário mínimo nacional português anda à volta de 700 e poucos euros, coisa pouca se comparado com o de outros países da União Europeia, como o de França - a 7ª potência económica mundial -. em que aquele se situa à volta de 1650 euros. Recentemente, em França, a gasolina apresentava um preço médio de 1,665 euros por litro, em Portugal comprava-se igual produto a uma média de 1,889 euros por litro, mais caro, portanto. Por sua vez, 1 litro de gasóleo custava em média 1,921 euros, em França, enquanto, em Portugal, o mesmo se cifrava em 1,958 euros por litro, também mais caro.

   Tem lógica que os combustíveis sejam mais caros em Portugal que na França, quando naquele país se ganha mais?

   É assim, os países privilegiados realizam mais-valias, vendendo sobretudo bens mais essenciais (estilo computadores e tecnologias de ponta), mais valorizados nos mercados globais. Também por isso, os habitantes de tais países - com nível e qualidade de vida elevados – conseguem rendimentos mais altos. É o caso de França. Depois há outros países da cauda da tabela que vendem sobretudo bens mais básicos – logo, menos valorizados -, acabando por angariar menores receitas comparativas, à partida, daí que os seus habitantes usufruam de nível e qualidade de vida inferiores. É o caso da maioria dos países da Ásia, África e América Latina e mesmo da Oceania. Não é bem o caso de Portugal que tem alguma proximidade aos países da frente, mas ainda lhe falta muito para lá abancar.

   Daí que não espante que o salário mínimo nacional francês mais que duplique o português, assim-como-quem-não-quer-a-coisa (por alguma razão os emigrantes lusos gostam de chegar-se a França)!

   Agora, os preços pagos pelos combustíveis são aleatórios, flutuantes mesmo, impostos pelas circunstâncias dos mercados e evidentemente que são tolerados pelas autoridades nacionais que ainda não chegaram a um consenso sobre o estabelecimento de preços fixos, ou máximos, ou coisa parecida!

   Daí que a pergunta acima alevantada registada acima assuma foros silogísticos, dado o panorama de atuação das políticas e dos mercados atuais, o caso é que o cu nada tem a ver com as calças!

   Já agora, senhores do mundo, façam lá qualquer coisinha para acabar com a guerra (a pandemia diz-se próxima da extinção e a seca também!), mesmo aqui ao lado, e que está a pôr a malta - sobretudo a mais necessitada e que é a maioria - com a corda à volta do pescoço. Eu sei que a guerra é pródiga na realização de grossos capitais (então para os fornecedores de crude e gás natural, é melhor nem falar!), mas olhem que também desencadeia uma torrente de mortes de muita gente que foi colocada neste mundo por amor!...

(Já era tempo de que os xeques do petróleo tomassem a iniciativa da criação duma associação humanitária global que distribuísse uns trocos, ou uns barris de produto - ou coisa no género - aos relapsos consumidores de combustíveis fósseis menos abonados de todo o mundo, não?).

 

pobreza.jpg

- Que pensa fazer para evitar que tanta gente viva abaixo da linha da pobreza?-

                            - Baixar a linha da pobreza!

01
Nov22

Invejidades 1

Jorge

   Não faltam jornalistas e comentadores especializados a escalpelizar o aumento das receitas de empresas como a EDP e a Galp, em meses recentes. Pressinto um certo ar de reprovação na comprovação daqueles bons lucros, em muitas análises.

   Ora, em qualquer parte do mundo, todas as empresas apostam sempre na aumentação de lucros, sobretudo as grandes, certo? Numa economia cada vez mais globalizada, não pode haver hesitações! A recente ascensão em flecha do quilowatt-hora é uma boa oportunidade para a realização de grandes encaixes, pelos gigantes que vendem produtos energéticos e eles avançaram nesse sentido, sem dó, nem piedade, como habitualmente!

  Em tempos normais, notícias como esta, de lucros fabulosos de empresas a operar em Portugal (aqui também cabem as de distribuição de alimentos e outras), não feririam tantas suscetibilidades, pois aquelas até são garante de sustento de muitas famílias e não fica bem falar mal de quem pratica o bem! Todavia, a seca, a pandemia e a guerra na Ucrânia têm trazido para as notícias de primeira página dos jornais as redobradas dificuldades do Zé Povinho na gestão dos seus fracos pecúlios e aí a coisa fia mais fino! Cuidado que o povo às vezes não se limita a ver passar a procissão!...

   Está previsto que, muito proximamente, as grandes empresas de todos os ramos da produção nacional reforcem o apoio a entidades particulares que atuam na área da caridade solidária. Assentava-lhes bem e a malta enternecia-se, comovia-se e agradecia.  

  Pela Lei e pela Grei, que regresse em força a normalidade dos tempos!

 

combustíveis.jpg

-Henry, vou trocar-te aqui pelo Floyd. Ele náo é particularmente

jeitoso, mas é condutor profissional de um autotanque de combustivel.

 

 

14
Out22

Queimações

Jorge

. Todos os anos em Portugal milhares de hectares da área verde vão à vida por conta de incêndios e 2022 não é uma exceção embora segundo escutei a uma fonte governamental um algoritmo apontasse para ardimentos mais amplos. Os incêndios são beras como a seca a covid e a guerra mas já marcam presença certificada no panorama social da ocidental praia lusitana atente-se que até uma figura de proa asseverou que só se deslocaria às regiões atingidas pelos abrasamentos a se inteirar da situação no fim da época dos incêndios assim despretensiosamente como se falasse da fruta da época ou da época dos saldos ou da época das transferências no futebol ou da época das vindimas ou da época da caça que chegam sempre ao sabor das estações do ano!

. Neste país há leis muito bem feitas para tudo e também as há destinadas a conter a praga dos fogos florestais mas o tradicional laxismo endémico difícil de ser contornado estilo o último que feche a porta também aqui se impôs. Sobram ministérios institutos agências e autoridades que superintendem aos incêndios inclusive há uma agência de gestão de fogos rurais e guardas florestais integrados numa subunidade policial dos quais ignorava a existência confesso tivesse eu algum terreno arborizado e talvez já tivesse ouvido falar mas não me cabe na ideia que o exercício das funções dessa subunidade caiba o pleno das funções dos antigos cantoneiros que desapareceram do mapa mas que dantes se esmifravam em prestações de preservação e conservação das áreas verdes com sucesso embora eu já tenha ouvido dizer que os atuais sapadores florestais vão pelo mesmo caminho dão boa conta do recado mas são poucochinhos!

. Há uma boa dezena de anos a senhora Liliana L M Bento deixou dito numa dissertação mais ou menos por estas palavras que a informação pós-modernista dada sobre a praga dos fogos florestais - a televisiva em particular - está centrada na espectacularização do fenómeno fogo e no drama humano; sugeria então que a mesma fosse substituída por uma informação valorativa da floresta «o que implica a introdução de uma nova abordagem no formato na linguagem e nas imagens que acompanham as peças relativas a incêndios florestais». Ora nem mais assentava bem aos média deixarem-se de tiradas estilo «começam a surgir as condições propícias à deflagração de incêndios» ao invés ficava-lhes bem por exemplo a divulgação várias vezes ao dia das boas práticas de prevenção dos incêndios mas numa sociedade do espetáculo estas palavras leva-as o vento como acontece com as fagulhas certas ou incertas que são elas que estão na eclosão dos fogos florestais e não deixam provas!

. O pior dos incêndios em matas nacionais é que põem em risco vidas e haveres aliás descobriu-se recentemente que os incêndios andam a ter comportamentos nunca dantes experimentados e que uma seca como a atual só há 500 anos se fez sentir. Agora a coisa está a ficar pior porque as áreas verdes andam cada vez mais secas à pala da falta conjuntural de chuva determinada por alterações climáticas impostas à Natureza que também já não suporta de boamente outras atrocidades como o uso e o abuso de carros de aviões de fábricas do imobiliário (tantas vezes esquecido!) da superexploração de mares e oceanos  como o uso de culturas desadequadas o recurso a modos de cultivo obsoletos ou a introdução de cultivos agrícolas inapropriados (já para não falar de falhas eminentes no encaminhamento das águas para consumo) porque a ganância e a cobiça é que comandam a gestão dos recursos do planeta o resto é conversa mole para hipnotizar miúdos e graúdos!

. Os incêndios nas florestas e matas nacionais têm origem principalmente  em práticas ancestrais de eliminação de matos dispensáveis (centrais de biomassa davam um jeitão!) logo seguidas pelas práticas malsãs dos incendiários que deveriam ser aconselhados a pegar lume quando chove ou dar uma volta ao Bilhar Grande no verão é que fazem falta como a fome aliás também faz falta modernizar o cadastro rural urge otimizar a plataforma virtual de controle de áreas florestais talvez até fosse possível recorrer à chuva artificial para apagar incêndios o que implica o uso de avionetas que algumas más-línguas teimam também em envolver ocasionalmente na  mescambilha dos fogos agora que fazia falta um pulso mandante forte agregador de melhores práticas que pusesse travão a este drama repetitivo de há muitos anos a esta parte ao estilo almirantado parece que só assim

Perigo de incêndio.jpg

Perigo de incêndio na floresta!

19
Abr22

Respeitável instituição?

Jorge

A guerra que virá

Não é a primeira. Antes dela

Houve outras

Quando a última terminou

Havia vencedores e vencidos.

Entre os vencidos o povo miúdo

Sofria fome. Entre os vencedores

Sofria fome o povo miúdo.

 

Bertold Brecht

a

 

Pelos livros de História sabe-se muito acerca de conflitos bélicos anteriores como por exemplo sobre as guerras púnicas sobre as guerras dos 7 dos 13 e 100 anos sobre as cruzadas sobre a guerra dos Farrapos sobre as guerras do ópio sobre as guerras civis sobre as guerras de libertação sobre as guerras mundiais por exemplo.

   Sobre o atual conflito guerra ou operação militar na Ucrânia ainda pouco se sabe apesar da larga cobertura dos média mas há aqueles que asseveram que à Rússia (que até não tem um hino belicista) assiste o direito na sua qualidade de potência geostratégica e económica mundial de pôr ordem no país vizinho porque sim.

b

Pelos livros de História sabe-se que as guerras são declaradas por homens e mulheres valentes nas artes e armas da guerra em busca de vitórias que proporcionem mais guito mais honrarias mais hegemonia ou mais poderio sobre terras e mares do planeta com natural submissão de comunidades humanas que estiverem mais a jeito.

   Sobre o atual conflito guerra ou operação militar na Ucrânia pouco se sabe apesar da larga cobertura dos média mas há quem assevere que assiste à Rússia na sua qualidade de antiga «dona» da Ucrânia o direito de pôr ordem no país vizinho porque sim.

c

Pelos livros de História é possível apreender datas nomes de batalhas número de finados que cresce com o tempo então as 2 últimas guerras mundiais vitimaram vários milhões de pessoas armadas e desarmadas e a coisa está ainda a ficar pior porque por um lado a indústria do armamento tem sido capaz de produzir ao longo dos tempos armas cada vez mais mortíferas tipo videojogos e por outro a população mundial tem aumentado com pois multiplicam-se as promessas de bem-estar e de paz.

Sobre o atual conflito guerra ou operação militar na Ucrânia pouco se sabe apesar da larga cobertura dos média mas pelo que se ouve e vê o número de baixas entre o pessoal fardado é incrivelmente baixo ou as contas ainda não estão feitas ou ambos os lados não querem abrir mão dos dados embora sobre informação sobre angústia o desespero das pessoas não-fardadas de aldeias vilas e cidades defenestradas do país invadido que por vezes o silêncio é doiro porque sim.

d

Não é preciso recorrer a livros de História para saber-se que em tempo de paz quem atenta contra a integridade psicológica moral e física do próximo leva que contar mas raramente um chefe militar é chamado à pedra por ter dado ordens para matar pessoas fardadas do outro lado das trincheiras com armas de classe A B C D ou E até é bem capaz de ser medalhado por feitos bélicos.

  Sobre o atual conflito guerra ou operação militar na Ucrânia pouco se sabe apesar da larga cobertura dos média e estranha-se até não tem havido muitas manifestações de massas pelo mundo fora pelo fim das hostilidades ao estilo daquelas ocorridas contra a presumida limitação de liberdades ditadas pela pandemia em países mais desenvoltos a guerra é a guerra porque sim.

e

Não é de todo preciso recorrer aos livros de História para saber que a ONU foi constituída para acabar também com as guerras mas esta organização (muralhada na sua Carta e a sua Declaração Universal dos Direitos do Homem) raramente dá uma para a caixa há atualmente confrontos bélicos espalhados pelos 4 cantos do mundo e que se saiba são poucas as culpas formadas nos últimos tempos a coisa tolera-se como se tolera as disputas pela apropriação de bens coletivos a exploração laboral tenaz à escala global a poluição etc. verdade seja dita que a ONU aprova moções contra a guerra dá guarida a refugiados o que já é alguma coisa na implementação da Paz a que todo o mundo ambiciona (nos concursos de beleza inclusive).

Sobre o atual conflito guerra ou operação militar na Ucrânia pouco se sabe apesar da larga cobertura dos média todavia dá para entender que a ONU não está contente com a mortandade imposta pelo sr. Putin que não seguiu as regras previstas nas convenções de Genebra e tem levado a cabo ações malévolas que serão denunciadas em tribunal especializado no seu devido tempo porque sim.

f

Não é preciso ler livros de História para saber que há já países sem Forças Armadas que são poucos e pequenos sem ambições imperialistas mas são efetivamente um mau exemplo que tende a parar por aqui ou regredir que a indústria do armamento que dá de comer a muita gente quer continuar de vento em popa nas Bolsas e nos Mercados.

  Sobre o atual conflito guerra ou operação militar na Ucrânia pouco se sabe apesar da larga cobertura dos média que o segredo é a alma do negócio mas desconfia-se que as ações das empresas globais que operacionalizam as guerras estarão a valorizar-se porque as batalhas se centram na Europa o que parece valorizar a coisa porque sim.

g

 Não é preciso ler livros de História para saber que os donos-disto-tudo andam nervosos há uma nova conjuntura económica à vista e que fazer vítimas dominantes na estrutura económica global antecedente e trazer para a ribalta novos intérpretes de outras latitudes que dominem a seu jeito o numerário as cripto-divisas as ações as obrigações os fundos e outros que tais aliás é credível que o submundo global também esteja alerta senão em convulsão que o tráfico clandestino também poderá estar em convulsão com a possível chegada de novos intérpretes de outras longitudes também.

  Sobre o atual conflito guerra ou operação militar na Ucrânia pouco se sabe apesar da larga cobertura dos média e menos se sabe nem como nem quando terminará mas há quem acredite que a atual estrutura produtiva global vai permanecer incólume depois do confronto quando muito algumas cartas de trunfo mudarão de mãos que ainda estão longe desassossegos radicais porque sim.

guerraguerra2.png

26
Jan22

Pequenas coisas da vida

Jorge

I

 Numa manife, em dia de greve recente, alguém levanta bem alto um cartaz: «Santander vai distribuir 1 700 milhões pelos acionistas a partir de novembro. Para os trabalhadores despedimentos».

É ponto assente, na comunidade mundial, que o motor da economia dos países que é a maximização dos lucros. Assim, o sucesso no sistema global não se compadece com choradinhos destes, para mais sabendo que qualquer fator de produção, como a força de trabalho, é ponderável, em qualquer momento. A distribuição de vastos lucros por acionistas evidencia a justeza das políticas empreendidas; é deste jeito que se constrói a felicidade de todos cá na Terra, o resto é conversa, certo?

 II

Num dia destes, o senhor Miguel S. Tavares escreveu no semanário «Expresso» isto que aqui me permito reproduzir:

«Certos povos do Norte (da Europa), de tradição luterana, temem o dinheiro e o seu efeito nefasto sobre as frágeis almas humanas. Desconfiam das grandes fortunas, taxam-nas com impostos, perseguem-nas com uma crítica social sempre latente que as faz serem grandes mecenas de hospitais, universidades, orquestras, centros de investigação (…). Pelo contrário aqui no Sul (…), por comodidade, nos conformámos com a doutrina da Santa Madre Igreja: Deus, cujo reino não é desta terra, fez o mundo com pobres e ricos e só no outro mundo administrará a sua justiça».

 Cabe assim no nosso entendimento o desabafo de um certo candidato à presidência duma Ordem profissional deste país, o qual garantia, em vésperas de eleição, que, enquanto houver pessoas, a corrupção estará aí para durar e lavar…

 III

 Parece que as excursões ao espaço exterior à Terra vieram para ficar, assim o queiram empresas lançadas na senda do negócio e as pessoas muito ricas do planeta, por enquanto. Se der para o certo, num futuro aproximado, guardar dinheiro para orbitar a Terra pode tornar-se tão comum quanto economizar para a casa própria.

Longe vão os tempos em que a indústria hoteleira deste planeta acolhia sobretudo pessoal mais abonado. Depois, as férias democratizaram-se, muita gente por esse mundo fora já reserva uma parcela do orçamento familiar para esse efeito. Que as viagens espaciais fomentam o aumento da poluição terrestre e espacial parece certo, mas o progresso não tem peias…

 IV

O fabrico de carros elétricos, eólicas ou smartphones necessita de quantidades importantes de minérios provenientes do outro lado do mundo. Esta dependência material atinge, atualmente, níveis alarmantes na Europa, um dos maiores clientes da coisa, como de outros negócios evidentemente.

 À conta disso, a União Europeia estabeleceu uma lista de 30 matérias-primas «críticas» – combustíveis à parte -, ou seja, indispensáveis a estas e outras indústrias europeias, mas ameaçadas por um risco de rutura ou de aprovisionamento/reservas (bauxite, cobalto, nióbio, bismuto e terras raras sobretudo). Daí qua a extração da mesma - bastas vezes encontradas em poucos locais, longínquos, por sinal – mereça estar cuja debaixo de olho (não só da UE)… Respeito aos superiores interesses!...

23
Out21

Uma (irreal) cena pandémica

Jorge

Um senhor cantor

Terá recebido 50 mil euros

do Estado

para fazer um disco

a ser lançado brevemente.

O senhor é um ás

no panorama musical

muito menos

lá por fora.

 

Em tempos de pandémicas restrições

sabe bem uma benesse destas

cai como mel na sopa.

O sortudo

não botou a boca no trombone

só os mais próximos

terá tomado nota do fortúnio.

Ele arriscou e petiscou

Mais nada!

 

Mas num paraíso da coscuvilhice

Tudo se sabe

a cena apareceu escarrapachada

em jornais e redes sociais

muitos comentários não foram meigos

com a exceção aberta.

Houve outros cantores

incautos e distraídos

que ficaram de monco caído

queriam do Estado igual benesse.

Cadê o meu?!

Mas tiveram de enfiar a viola num saco!

 

Pelo amor à santa!

Por onde tem andado

este pessoal!

Ainda não deu para aprender

que neste orbe terráqueo

só o Sol nasce para todos?

Sói dizer-se que

as coisas boas vêm

quando estamos distraídos

mas só às vezes!

máscara 2.jpg

                                                                                                            - Já agora, obrigado por usar máscara! Há quem não o faça!

                                                                                                             - Eu sei! A isso chamo de irresponsabilidade!  

 

08
Out21

Uma (real) cena pandémica

Jorge

Tito é interpelado à porta do restaurante:

- Amigo, e a máscara?

- Desculpe lá, esqueci-me de a pôr

‘tava distraído, é só um instante!

Em 2 tempos

Tito rapa da máscara cirúrgica

que trazia estreme

no bolso de trás

das suas jeans  

acabadinho de comprar na feira

daquela localidade.

Já nos conformes

Tito pede de almoço

um cozido à portuguesa

Bem avinhado por sinal!

 

Desde os aperitivos

até ao momento da bica

e do digestivo

Tito não volta a ajustar à cara

a máscara obrigatória

que se queda desamparada

no espaldar da cadeira

que Tito ocupa regaladamente.

Contas feitas dirige-se à porta de saída

num ato reflexo

ajusta a máscara ao rosto

até ao carro estacionado a 2 passos

onde a deposita no lugar do morto.

Máscara.jpg

Esqueci-me d' algo?

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2020
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2019
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2018
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2017
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2016
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2015
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2014
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2013
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2012
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2011
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2010
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2009
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub