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oitentaeoitosim

16
Dez13

Quem boa cama faz…

Jorge

Num curto espaço de 5 meses e picos, o sr Henrique Monteiro escreveu 2 vezes sobre a senhora Ana Avoila, no Expresso online, nada a dizer, nihil obstat. Da primeira vez, após consultas efetuadas na Net, o senhor Henrique descobre que D. Ana milita no PCP, é dirigente sindical de longa data e de escassos cometimentos: durante o seu consulado, os direitos adquiridos definham a olhos vistos, um caso de insucesso invulgar, de que só ela se pode queixar… Provavelmente em desespero de causa, a senhora vira «profissional da contestação» (e não colabora porquê?) «O que faz correr uma pessoa assim?» - perguntava então o sr Monteiro aos seus botões. Pessoalmente, não sabia que a senhora Avoila corria, mas a sugestão que fosse corrida fica.

Mais tarde, o senhor Monteiro topa D. Ana a fazer novamente das dela. O quê concretamente? Um gesto à Enzo Perez, avança um dedo hirto à moda do senhor Steinbrück, arma um gesticulado estilo Manuel Pinho? Não, ei-la que monta uma chinfrineira, com cartazes vermelhos metidos ao barulho (um deles fica do avesso, coisa inestética, por sinal), nas galerias da Assembleia da República, o que deixa um secretário de Estado com os cabelos em pé. Afinal não tinha sido afastada da vida sindical, está ela para ali com um grupo de capangas a protestar, com desrespeito ao chão sagrado que pisa, esta mulher é do piorzinho que se tem visto… Estará a senhora Avoila protegida por um estatuto especial tipo do treinador Jesus, ou tipo do filho-família que o juiz do estado do Texas não condenou, pelo facto dos ricos pais não o terem formado à maneira, dando de barato, ou tipo do sr Jardim que acumula salário e pensão?… Fica perdida uma boa oportunidade de a calar, infringe os regulamentos, teria que ir de cana, não é?

Aqui para nós que ninguém nos ouve, senhor Henrique Monteiro, não andará a senhora Ana Avoila a tramar a tomada do parlamento pela força? Note que ela fez parte de um dos comandos de sindicalistas que ocuparam ministérios, sem que o SIS conseguisse topar! Isto é fascismo puro e duro, que horror!…

Aconteça o que acontecer, continue a escrever, senhor Henrique Monteiro, é motivo para gaudio, caríssimo. E defender a honra do convento é glorioso!

14
Dez13

Cenas do País Tetragonal (XVI)

Jorge

«Acha que me vou pronunciar sobre os que se manifestam, quando estou aqui para me reunir com empresários que exportam e contribuem para 40% do PIB?»

Quem se manifesta pouco colabora na produção, portanto não risca. Quem toma as decisões sobre a produção conta e não se manifesta.

Os verdadeiros salvadores da pátria são estes últimos que fazem tudo por tudo para nos manterem à tona de água, para que não vivamos todos acima das capacidades reais, para que todos tenham direito a uma bucha, que guardado está o bocado…

Ao invés, esses profissionais da confusão, sempre prontos a pedir ao patronato que se assuma na formação de riqueza, vêm depois espantar a caça com as suas bocas soezes, as suas diatribes, as suas diabruras e verrina.

Ainda sou do tempo em que não se falava tão amiúde dos mercados, tal o medo que eles tinham de não porem o pé na poça, pois as hordas reivindicativas andavam por todo o lado. Infelizmente nos últimos 80 anos não se falava abertamente sobre os mercados e a economia como agora se faz abertamente, ou por acinte ou porque as hordas reivindicativas pululavam por aí. Esta, aliás, é uma conquista recente, mas decente! É patriótico e glorioso perceber que toda a gente pode manda bitaites sobre o pib, sobre as taxas, sobre a evolução das ações, etc., sem ser levado de cana ou levar com a moca. Viva a liberdade!

Por isso mesmos os nossos donos externos vão cair em cima das associações benemeritamente sindicantes que julgam ter a faca e o queijo na mão, com todo o peso do seu dinheiro. Esta cambada de calaceiros, esta cáfila de antipatriotas e huguenotes mal se dá conta da gravidade da situação que eles criaram com a satisfação das suas reivindicações, antes aconselhassem os seus associados que vergassem a mola, baixassem a bolinha que a bolina corre de contramaré. Vão mas é trabalhar, que o trabalho dignifica a todos e enrica a poucos, mas é assim que porta a lei natural das coisas, seus malandros!...

(Assim pensou a irredutível personagem, antes de importante reunião com empreendedores, antes de ir vender azeites e vinhos e promover ginásios que anda no Oriente Próximo, produtos de fábula que encurtarão o saldo negativo do erário, com a ajuda de génios locais.)

11
Dez13

Apostilha 11

Jorge

A senhora deputada da maioria entra no frente-a-frente habitual na tevê, cheia de verve, ao ataque, nitidamente contrafeita com os desacatos empreendidos nas galerias da Assembleia da República. E diz de sua justiça, que a democracia não se compadece com desaforos, uma coisa é não ser negado o direito à manifestação, outra bem diferente é achar que esse direito pode ser exercido da mesma forma em todos os lados e recantos. Há formalidades a cumprir e a desbunda não colhe. O seu colega de debate e de bancada oposta, da minoria e que é favorável às manifes, também não embarca em desmandos, tudo tem o seu lugar, as regras são para ser cumpridas doa a quem doer, quem não entra nos eixos, não entra na dança. A senhora deputada da maioria volta à carga e insinua que ali há gato, possíveis combinações, tratos e acordos secretos entre os frequentadores habituais do senado e manifestantes. Que muita da tralha exibida pelos manifestadores não passaria pelo crivo da polícia, postada à porta que dá acesso às galerias da populaça (esta teoria da conspiração releva de uma outra criada para interpretar a presença de materiais indesejáveis dentro de recintos desportivos, ao que se sabe). O senhor deputado da oposição e o moderador ficam siderados de estupor. Não fosse uma triste notícia de última hora, a dar conta da partida de um vulto da solidariedade internacional e talvez assistíssemos à demonstração que o teletransporte absoluto funciona mesmo…

11
Dez13

Apostilha 10

Jorge

A senhora presidenta disse que as manifestações de desagrado são legais fora, mas constituem crime público dentro das instalações da Assembleia da República. Muitas outras coisas deveriam ser proibidas e potencialmente indiciadas dentro das mesmas instalações, mas não vêm ao caso. Os senhores agentes da autoridade incarnada pela senhora presidenta que também é doutora de leis cumpriram com desvelo a evacuação das galerias e o incidente – mais um, em pouco espaço de tempo - foi sanado num ai. Então assiste-se a um acontecimento inominável: professores a serem postos no olho da rua, em direto, para vergonha de correligionários (coraram de vergonha até à raiz dos cabelos), para gáudio e mofa de alunos e alunas, bem como assumida perplexidade da opinião pública por este país afora e adentro.

Fica assim provado que a prova da avaliação de conhecimentos e capacidades, PACC para os amigos, se não se destina a afastar, serve mesmo para humilhar…

Já agora, senhora presidenta, que me diz da organização de uma manifestação de desagravo, no mesmo local? Acha que, ainda assim, seria crime público?

 

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