Ladairos I
i - O Conselho Científico (CC) do Instituto de Avaliação Educativa, I.P., vulgo IAVE, num parecer emitido, há umas semanas valentes considerou que «nenhuma avaliação pontual, realizada através de uma prova escrita ‘de papel e lápis’ com a duração de duas horas, seja efetivamente válida e fiável se não for integrada numa estratégia global e contínua de formação e avaliação», pelo que a Prova de Avaliação de Capacidades e Conhecimentos, vulgo PACC, uma produção da sra. ministra Lurdes para o Estatuto da Carreira Docente, vulgo ECD, com a afadigada realização do Sr. ministro Crato, não avalia coisa nenhuma.
O CC é perentório, que nas condições em que se realiza, a PACC afigura-se «como uma iniciativa isolada, cujo propósito mais evidente parece ser o impedimento ou obstaculizar o acesso à carreira docente». Ou seja, a PACC destina-se a cortar nos benefícios dos profes, no cortar é que está o ganhar.
(Poucos cidadãos sabiam da existência de um CC do IAVE, mas muitos profissionais apreciaram que tenha desancado a PACC, porque a dita cuja é uma corrida de barreiras para atletas de fundo e meio-fundo, por isso descabida, humilhante e usurpadora de benefícios adquiridos. Mais se desconfia que o CC do IAVE foi remodelado de-alto-a-baixo, uns quantos fiéis foram chamados a abater os infiéis, salvo seja, ou o órgão corre riscos de passar à história.)
Depois veio o Conselho Diretivo (CD) do mesmo Instituto de Avaliação Educativa, I.P., vulgo IAVE e repôs as coisas não seu devido lugar. A realização da Prova de Avaliação de Capacidades e Conhecimentos, vulgo PACC, «visa assegurar mecanismos de regulação da qualidade do exercício de funções docentes, garantindo a comprovação de requisitos mínimos nos conhecimentos e capacidades transversais à lecionação de qualquer disciplina, área disciplinar ou nível de ensino, bem como o domínio dos conhecimentos e capacidades específicos essenciais para a docência em cada grupo de recrutamento». Ou seja, a PACC é virtuosa, põe a nu as virtudes dos bons e os defeitos dos maus docentes, ficando assim definitivamente provado que sabem doutros mesteres e ofícios, com os agradecimentos da economia pátria.
Poucos sabiam da existência de um CD do IAVE e muitos não-profissionais gostaram que defendesse a PACC, porque é a cereja no topo do bolo, porque presta um rico serviço ao país, engrandece os bons e posterga os maus, coisa nunca intentada no ensino, mas que ele andar a merecê-lo.
(Uma PACC foi feita em dezembro último; foram publicados os maus resultados da inaudita prova que foram glosados em variegados tons, reprovadores, maioritariamente. Ora bem, a escola quer-se aberta! Exposta também. Portanto, a santa prova de avaliação cumpriu a sua missão de mostrar que há muita gente que não detém méritos para ensinar, sabe-se lá para respirar!...missão cumprida. Vitória em toda a linha para o MEC Crato, até ver. O CD do IAVE por certo mantém funções, o que terá deixado desiludidos uns quantos fiéis que se achavam em melhores condições de levar a carta a Garcia, fica para a próxima.)
Um sábio um dia sinalizou assim uma sua convicção: o que mais me impressiona nos fracos é que eles precisam de humilhar os outros, para se sentirem fortes (e levarem a sua avante). Tenham pena…
ii - É dado adquirido que os salários dos juízes não ficarão de fora de futuros cortes impostos à administração pública. Dantes sim, ficavam de fora. Para compensar a exclusividade a que a função obriga, falou-se na atribuição de um bónus pela exclusividade. Esse é, pelo menos, o sentido da sugestão dada à Sra. ministra Paula, da Justiça, em documento apropriado para o efeito, por um grupo de missão. Este propôs a inclusão na próxima versão do Estatuto dos Magistrados Judiciais, vulgo EMJ, a atribuição aos magistrados judiciais de um subsídio extra, por não poderem exercer nenhuma outra atividade.
(A maioria das pessoas conhece a Sra. Ministra e as suas façanhas, de ginjeira. Muita pouca gente sabia que ela se tinha atrevido a nomear um grupo de missão com missão tão arriscada. Outros funcionários da Justiça - não obrigados à exclusividade, estão a ver?! – lembraram que também são filhos de um deus, maior ou menor - pouco importa -, o que se julga ter apanhado de surpresa a Sra. Ministra mailo seu grupo de missão.)
Um dia, um sábio disse: a justiça é o pão do povo que dela está sempre faminto. Quem fará justiça aos milhares de cidadãos que são desempregados, em regime de exclusividade, com muita pena deles?...)
iii – O Conselho Geral Independente, vulgo CGI, da Rádio e Televisão de Portugal, vulgo RTP, não foi à bola com os negócios da bola feitos pelos gestores que já enfiaram a viola no saco, à conta disso. O CGI anunciou que, "por decisão unânime", indigitou novos administradores para esta empresa pública. O CGI defende que a RTP «deverá funcionar num modelo de equilíbrio, assegurando que os seus custos operacionais se ajustam às receitas obtidas», que atualmente são a taxa para a contribuição audiovisual, vulgo CAV, paga por todos e as receitas comerciais que são inferiores às homólogas privadas, por opção.
(Pouca gente tinha ouvido falar do CA ed o CGI, mas sobreviviam a isso. Agora, com conhecimento de causa, muitos poucos achavam piada à CAV, uma coima tida por anacrónica, entre outras.)
O novo Conselho de Administração, vulgo CA, da Rádio e Televisão de Portugal, vulgo RTP, disse que vai poupar nos gastos, valorizar ao máximo o património e o know-how e que não embarcará em aventuras desnecessárias.
(Pouca gente conhece os elementos do novo CA da RTP, mas a sua consideração subiria aos píncaros da gratidão, caso prescindissem da CAV, probabilidade com hipótese nula de concretização.)
Sabe-se que sor Poiares, Ministro-Adjunto e do Desenvolvimento Regional, vulgo MADR, com a tutela da Comunicação Social, do Desenvolvimento Regional e das Autarquias Locais concordou com a sugestão, mas também acha que a anterior gestão é 5 estrelas.
(Pouca gente conhece o Sr. ministro e acha que, se ele tem assim tanto poder, deveria arrumar a CAV no sótão das antiguidades.)
O povo que é sábio diz: a corredor dado não se olha as pernas.
Pernas para que te quero…
- Quero que tenhas uma palavra a dizer nas decisões, Ruggles. Vá, atira a moedaa o ar!