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oitentaeoitosim

23
Jul15

Descoco

Jorge

(Durante 2 lustros o suserano tinha sofrido de aguerreação crónica. Num belo dia, após múltiplas tentativas, cura-se. Não perde tempo, fez saber de imediato nunca mais declararia uma guerra – eu seja cego surdo e mudo (lagarto, lagarto! -, fossem elas convencionais, fratricidas, de palavras, de nervos, frias, limitadas, abertas, financeiras, económicas ou de alecrim e manjerona.)

 

Aclara a voz, aproxima-se do micro, dá-lhe os 2 piparotes da praxe e bota discurso ao conclave, na sala das cortes solenes:

- Guerras há as que um homem quer. Eu tive a minha conta e nunca tive rebuço em dar o primeiro passo. Em todas dei o melhor e de todas sai ileso, graças aos deuses. Agora já não quero ampliar o meu palmarés, não sai mais qualquer guerra para a mesa do canto! Por isso e por muitas coisas mais, devolvo a tiara, a coroa, o cetro, as rédeas e o cavalo do poder. Entrego-as à sua autoridade, ilustre decano! Já não tenho estômago para atribuir medalhas às vítimas e glórias a possidentes. A partir de hoje, vou dedicar-me à pesca, na desportiva.

(El-rei nunca fora gago, embora parecesse. Perante ele, muitas bocas se abrem de espanto, pelo tom, descomunalmente desabrido. Terminada a intervenção, materializa, à sorrelfa, um pirete encarpado, seguido de manguito à retaguarda, ao som de uma imprecação estilosa, com uma mão a tapar movimento dos lábios. Safa-te, Jorge, do que me livrei!).

Os aspones e ministraços ali presentes – para cima de 2 centenas, bem contadas - nunca o tinham visto naqueles preparos. Tolhidos pela surpresa, ficam literalmente grudados às poltronas, babadinhos de todo, como se lhes tivessem interrompido - à má-fé - a degustação de saborosa baba-de-camelo. Vejam só esta, o rei quer pisgar-se à papo-seco e logo hoje, para daqui a pouco está marcado o começo de nova guerra, qui há mescambilha, pardês!...

Nisto, o suserano, lesto alcança o seu gabinete de trabalho (nos fundilhos dos aposentos pessoais, de homem solteirão, mas não virgem) e assina o decreto da própria demissão. Já os cortesãos tinham iniciado uma correria louca a todos os meios de comunicação mais à mão – sinais de fumo e estafetas inclusive –, para fazer chegar o seu pasmo aos gentis-homens de quem são avençados.

- O rei diz que já não está pelos ajustes, não quer mais guerras, sejam conflitos subacromiais, de interesses, intergeracionais, de classe, ou coisa no género. Mais, ele está de partida, a dar banho à minhoca, para o resto dos seus dias. Parece uma decisão irreversível, ditada, com toda a probabilidade por um quadro de neurastenia depressiva, radicado num procedimento de abulia sistémica.

(Numa primeira fase, os bichaços riem-se a todos a bom rir, por conta da irreversibilidade da coisa, um chão que tem proporcionado uvas úberes e cenas tristes. Numa segunda fase, desatam aos berros e a dizer cobras e lagartos do inhaça. Numa terceira fase juram-lhe pela pele: ele atreveu-se a decidir às escondidas, sem dar cavaco a ninguém, quem se julga ele?!)

Os argirocratas amesendados dão-se ares de virgem ofendida, mas mantêm o sangue-frio reservado a grandes ocasiões. Reúnem-se sem delongas na sede do clube mais privativo, rodeados de todos os confortos possíveis e imaginários, pois só assim sabem decidir:

- O monarca é livre de ir pastar para longe, já temos substituto para fazer a mesma figura de corpo presente. Antes, porém, nem que a vaca tussa, esse traidor da classe que põe os outros a operar vai pôr o preto no branco na declaração formal da próxima guerra prevista para ontem, damos a cara por isso! Não se brinca com o futuro coletivo, só porque o comandante-em-chefe das tropas lhe dá na veneta que quer a reforma antecipada e se deixa apaixonar por grelhados. Já temos generais, patrasanas, lateiros e magalas em número suficiente, à espera do preto-no-branco!

A mensagem chega rapidamente aos multimédia, os quais enformam que se dera uma remodelação calma e pacífica.

(Este marreco já arrastava as sapatorras, nem préstimo tinha em agarrar o cetro, não dava uma para a caixa em económicas e financeiras, só nas bagaceiras. Borrou-se todo, é o que é! Ele que ponha as barbas de molho, atira-te ao mar e diz que te empurrarem!...)

No dia seguinte, logo pela manhã, o suserano cofia primeiro as barbas e depois confia a tarefa de as cortar ao seu leal barbeiro de serviço. Deixou de propósito restou-lhe um passa-piolho, a ver se passaria desapercebido. Está já com um pé no estribo do monolugar à prova de bala, quando é intercetado por uma multidão de basbaques e turistas curiosos dos orientes, a tolher-lhe o passe e a disparar as câmaras.

Perante este rematado exemplo de fuga de informação e manifesta inconfidencialidade, o suserano ainda em funções faz meia-volta, dá corda aos sapatos e torna ao ponto de partida, furibundo, a escoicinhar e a soltar todo o vernáculo que lhe ia na alma. Um adjunto mais calmo põe-no a par da situação:

- Os notáveis acham que sim, que pode declinar as suas funções, e até leva a reforma por inteiro. Apenas exigem em troca que use pela derradeira vez o seu sinete e declare a guerra prevista para começar hoje, ao fim da tarde, não custa nada! Vá lá, é só mais uma!

(Já chegámos à Madeira, os gajos não me largam a mão, querem à viva força a minha assinatura. Eles querem guerra, pois vão tê-la! Eu tenho uma pequena surpresa para estes arrebata-punhadas de meia-tigela!)

O suserano aclara a voz, compõe o traje civil, démodé, por sinal, afina com aquela malta toda que se pôs a casquinar, mas fala em tom preclaro, na sala das sessões das cortes:

- Parem lá com as falinhas mansas e com paninhos quentes em que vosselências se especializaram, que a mim não me levam à certa, é tempo perdido! Se os terra-tenentes querem guerra, tê-la-ão. Tenho aqui na mão o diploma que lhes retira a posse de tarecos e tralhas, vai tudo raso, nacionalizado! Calha bem que a minha demissão ainda não saiu no códice oficial, em dois tempos ponho esses pimpões de pé-chato - que ficam em casa a roer as unhas, a pensar em pingues lucros, quando os canhões troam – a pão-e-água ou eu não me chame Tibério, palavra de rei não volta atrás!

(Aqui d’el rei que está bravo o bicho! A mocada que recebeu foi forte e a gente que o julgava apanhado de todo, mas assim talvez arranje lenha para se queimar!)

Um por um os coadjuvantes dos grotas enviam mensagens, por todos os meios e feitios, até por boca-a-boca e telegrama.

- Sua senhoria não transige, amarrou o burro, nada feito, está mais voltado para uma guerra de palavras... Para cúmulo, em caso de insistência, ameaça que vos retira as possessões e deixa-vos de mãos a abanar. O quadro anterior está a evoluir para sandice pura e dura.

 (Olha-me o gabiru, quer ver-nos nas lonas, o sacripanta! Que tire o cavalinho da chuva, ainda está por nascer quem nos derribe do poder, armado em revolucionário de meia-tigela, para o que lhe havia de dar, o tantã!)

Os fisiocratas indignados, homens de torcer antes de quebrar, apanhados de calças na mão, no clube privado, agarrados a bons nacos, pois só assim funcionam em plenitude as suas capacidades, mantêm-se inconcussos:

- Essa é forte, pensa que nos consegue arrebatar tudo e só nos deixar com a roupinha que trazemos vestida, mete-se o povoléu, os casuals e o tribunal plenário ao barulho e em 2 tempos, acaba-se a golpada. E logo eles, tão respeitadores do sagrado direito à propriedade! Mas, pelo-sim-pelo-não tentem saber se a gente deu a esse pascácio poderes assinar uma bodega dessas.

A mensagem chega rapidamente aos multimédia, os quais enformam que se dera uma tentativa de golpe de estado, suportada pelo anterior ocupante do palacete real.

Ciosos, os cortesãos partem à inquirição de sacerdotes do templo, leais conselheiros e jurisconsultos de verbo e ventre mais proeminentes.

(A coisa está feia, os cânones e codicilos por nós estudados e compulsados consideram crime de lesa-pátria a evicção da propriedade, SM só pode estar a reinar…)

- 1-2-3-4-5-6-7 com o direito à propriedade dos titulares ninguém se mete, caso contrário é o fim da picada, o caos mesmo!

(Bons conselhos da parte de quem está a precato de males e arrelias do quotidiano podem não ter substância, como corpo sem alma, mas importa que caiam para o lado certo.)

Os dignitários são informados dos pareceres.

- Deixemos o homem partir nas calmas, adiamos a guerra, até porque o substituto só pode ser abençoado pelo patriarca que está no leito a contas com doença ruim. Adiamos a guerra por tempo indeterminado, continuamos a faturar o mesmo, paciência, outros tempos melhores virão. Bebamos a isso, ipe, ipe hurra!

(Seguem-se brindes atrás de brindes, libações atrás de libações, atividades entre lençóis, fogo de artifício e até houve sessões de vermelhinha e de lerpa!)

Da primeira vez que lançou o anzol à água, o suserano filou um peixe opíparo, de se lhe tirar o chapéu, pesava para cima de vinte arrobas. Acondicionado o bicho em arcas frigoríficas, tem sido visto a dormir, regalado, à sombra da bananeira (ou será de um bambu?)

pov-baloocartoons-blogspot-com.jpg

(Tentem ver as coisas na minha perspetiva.)

07
Jul15

Cavalo de madeira

Jorge

Aquele era mais uma negociação decisiva, a derradeira hipótese se se chegar a um acordo.

A disputa ocorria entre os representantes dos credores que sempre se haviam sentado acintosamente do lado direito da mesa de negociações.

(A dívida era medonha.)

O lado esquerdo da mesa de negociações era ocupado religiosamente pelos representantes do país que tinha um a dívida impagável, há muito. Aquele país tinha-se esforçado por pagar essa conta calada, tintim-por-tintim, em tempo escasso, sem sucesso.

(A dívida seria impagável.)

Pela conta mais corrente, a fornada de negociações decisivas já tinha ultrapassado a barreira da dúzia, em meia-dúzia de meses. O processo das negociações não atava, nem desatava, estava-se num impasse

(Mas que dívida medonha!)

As negociações vinham-se a arrastar, indolentemente, à espera que o interveniente naquele braço-de-ferro caísse para o lado. Os do lado direito tinham a faca e o queijo e não estava ali para ceder, a última palavra seria deles.

(Constava que a dívida seria impagável!)

Os comunicados finais, ditados por quem de direito, falavam invariavelmente na busca de uma solução consensual que ficava para a próxima ronda. Talvez para as calendas gregas.

Outras negociações decisivas estariam a caminho.

Tendo-se-lhes esgotado o músculo e a verve, os negociadores da banda esquerda pedem um desconto de tempo à mesa, uma paragem técnica: precisavam de consultar o fiel povo das berças, a ver se ainda podiam contar com o seu apoio para novas refregas decisivas.

Que sim, era-lhes concedido pelo lado mais forte o direito ao referendo, junto dos patrocinadores.

(Parece que nunca fora vista dívida tão medonha!)

Feita a consulta, o lado mais fraco da mesa das negociações decisivas recebeu um apoio à sua estratégia, que não cedessem, que mantivessem a cabeça levantada e a posição altaneira.

(Parece que a dívida seria impagável por séculos afora!)

A vitória – moral e dilatória – foi comemorada sem grandes entusiasmos, ao que se crê, nas ruas do país que precisava de dinheiro como de pão para a boca.

(Já alguma vez viste uma dívida tão medonha?)

Um ou dois agentes da autoridade dos senhores credores, do lado direito da mesa de negociações decisivas, fizeram saber que querem o deles de volta, todinho e contra isso, batatas! Que não há pai para eles.

(Já alguma vez foi fabricada uma despesa assim tão impagável?)

As vitórias de Pirro sabem a pouco e os donos disto tudo - em poses de Zeus - sabem que não podem dispensar os Sísifos à mão de semear, tão pouco abrir mão dos bem elaborados suplícios de Tântalo.

Vêm por aí mais negociações decisivas para o futuro (onde estacionaste o cavalo de madeira, Ulisses?)

Kipper-Williams-Eurozone--005.jpg(Não me peçam que resolva a crise do euro!!!)

 

 

07
Jul15

Cenas do País Tetragonal (XXVIII)

Jorge

Aquele era mais um jogo decisivo, o jogo do título, para o líder da competição, outra vez.

Os jogos decisivos tinham-se sucedidos, que o 2º classificado não havia maneira de despegar; também ele ainda aspirava à conquista do posto cimeiro da classificação. Pela conta mais corrente, a fornada de jogos decisivos já tinha ultrapassado a barreira da dúzia.

Aquela era a penúltima jornada do campeonato de futebol da 1ª liga.

Os simpatizantes do clube que lidera a competição já andam de nervos em franja. E ainda há um outro em perspetiva. Nunca mais é sábado, rapaz!

(Quando falta o pão, é bom que o mesmo não suceda ao circo.)

Começam os jogos da penúltima jornada, todos à mesma hora, por causa das moscas. O 2º classificado está a dar boa conta do recado, o líder nem por isso: nem um golito adrega para amostra. O 2º classificado borra a pintura, quando «se deixa empatar, quase no fim do prélio» e a indecisão do título acaba ali.

 (Os norte-americanos dos States – que há mais de 200 anos teimam em autodenominar-se americanos tout court , crê-se que por uma questão de poupança de discurso – diriam que a irresolução favorece o show business.)

 Solta-se a alegria, o vinho escorre pelas gargantas e a festa dura até-às-tantas, sobretudo nas ruas de confiança dos vencedores. Os adeptos da agremiação relegada para primeiro lugar dos últimos, bebe para esquecer, sobretudo em casa.

(«A vitória foi difícil, mas é nossa!», «Campeões, nós somos campeões!» -gritava-se, a plenos pulmões.)

Ocorrem pequenos desaguisados coisa de pouca monta - por exemplo, um agente plicial que malha forte e feio num senhor pacato, ao que se sabe. Depois outro senhor agente também exibe o bastão a meio das pernas, de certeza a demonstrar que a autoridade tem um longo alcance. Muitos simpatizantes do clube vencedor levaram a mal, apesar do carnaval.

(No fim, foram todos para casa, a sonhar com futuros jogos decisivos; não fossem eles e a vida não passaria de uma apagada e vil tristeza.)

he_kicked_me_2170925.jpg

Ele deu-me um pontapé!!!

 

 

05
Jul15

Em Batatívia (17)

Jorge

    O fumo dos cigarros faz mal a quem fuma ninguém põe isso em dúvida muito menos os fumadores inveterados ou os médicos que também fumam mas não sabem resistir ao fumo dos cigarrinhos mas que têm por dever de ofício convencer a clientela do contrário o que até lhes fica bem pelo menos não querem o mal para os outros ora como ia dizendo os paivantes acesos na boca dos agarrados fazem mal à saúde por muitas razões e aqui ficam algumas em primeiro lugar são um vício e os vícios pagam-se caro em segundo o fumo incomoda à brava os mais chegados e bem pode ser considerado uma safadeza em terceiro os bofes de quem fuma ficam recobertos de alcatrão entre outras substâncias que são à volta de 3 mil e picos e o alcatrão deve ser aplicado nas estradas da santa terrinha onde faz falta em quarto lugar a fumaceira provoca ronqueira tísica ou cancro deste sabemos pouco mas mata que se farta até há quem jure que o cancro dos pulmões é o que mata mais e em quinto pode provocar a morte por antecipação e ninguém deve morrer antes da hora prevista pelos fados o que pode valer penas não desejadas às almas no outro mundo em sexto ninguém merece ser comparado a um enchido que se ata e põe ao fumeiro.

    É certo e sabido que as cigarradas vendem-se aos braçados e isto não dá para perceber o pessoal fumante não deve funcionar bem dos chavelhos ou então não sabe ler não quer ouvir e isto é o pior que pode acontecer fingir que não entende ou então acha que o mal só acontece aos outros eu cortava o mal pela raiz acabava com a mamadeira nos paivantes aliás acabava com todas as mamadeiras em uso na santa terrinha quando as autoridades vêm com essa conversa mole que não podem ir contra os direitos dos produtores de beatas como se fosse legal escolher a morte isso só acontece nas guerras é dos livros a única coisa de jeito foi a proibição da publicidade dos palitos e já foi um pau que as tabaqueiras têm ainda muito poder e ainda por cima poupam na publicidade o que lhes dá vantagens comparativas assinaláveis.

    Portanto fumar compensa as tabaqueiras que mantêm muitos postos de trabalho nas fábricas e nas plantações é sabido que os postos de trabalho são sagrados para todos mesmo para quem trabalha o trabalho é como as vacas e similares na Índia é uma instituição sagrada e protegida além disso as vendagens de pacotes e maços de tabaco de cigarrilhas de cachimbos de mortalhas e de charutos dão muito dinheirinho de imposto à nação talvez seja por causa disso que tantos se sacrificam a fumar pelo equilíbrio financeiro da santa terrinha por outro lado a extinção deste ramo produtivo deve contar com a oposição expressa duns quantos que mandam nisto que não toleram que lhes tirem o prazer dos charutos quem está bem na vida fuma charuto só os tesos se limitam a sugar tabaco aliás não me parece que as embalagens de charutos tenham mensagens horrorosas perfeitamente entendível em sociedades classistas também as armas não têm dizeres rancorosos e as bebidas espirituosas também e os carros idem.

    Há aqui outra coisa que me faz espécie diz-se que os cigarristas queimam tabaco à frente do nariz e dos olhos por conta do estresse da ansiedade e mesmo de medos instilados pela sociedade ou pela vida ora se metem ainda mais medo com aquelas mensagens estapafúrdias e reles nos maços dos biris mais essa malta fica estressada ansiosa ou medrosa e põe-se a cigarrar não dá para entender nos maços deveriam aparecer por exemplo anjinhos a debitar coisas no género se não deixas essa bodega vens ter comigo em dois tempos eu bem que andava desconfiado que os passeios estradas caminhos veredas becos e terrenos limítrofes estão cada vez mais atapetados de bias e não me perece que seja só por causa de falta de contratar pessoal os medos puxam pela cigarrada depois os cús dos cigarros demoram anos a decompor-se para aí uns cinco menos que os plásticos é certo mas tanta beata acumulada nas artérias da santa terrinha são um mau postal para quem nos visita embora se saiba que os visitantes gostem de ver anacronismos que na terra deles já passaram à história. 

    A gente já se habituou aos plásticos nas paisagens urbanas e olhem que isto não é um mito urbano a malta vai-se habituando às ervas nas paisagens urbanas e rurais agora as beatas de fuzileiros ou priscas de charutos ou cigarrilhas as pontas de charros nas paisagens não se chupa dão mau aspeto e podem ser um sinal de regresso a barbarismos que já se julgava terem sido exterminados mas o tempo parece que decidiu voltar atrás como aquela cena dos mercados apostados no regresso à pureza original não fica bem e assim se pode afugentar muitos turistas cá da santa terrinha não bastavam certos monumentos mal-amanhados quanto mais esta desgraça a propósito essa cena de obrigarem os fumadores à produção de gases cá fora em compita com os carros não me parece atilada tenha-se em conta o aumento da gazearia das ruas e o exponencial aumento de resfriados e outras doenças nas noites frias provavelmente os charutadores não se submetem a estes tratamentos mas isto sou eu a dizer que não fumo disso.

    Há quem atribua aos fumantes persistentes uma forte descrença na felicidade que não passaria de uma barreira de fumo já o senhor Oscar Wilde estava noutra quando deixou claro que os cigarros são a forma perfeita de prazer pois são efémeros e deixam sempre o pessoal insaciado mas se calhar no tempo dele usava-se mais o rapé não sei certo é que atirar fumo para os olhos já não é um acaso mas sim uma necessidade na santa terrinha e não só.

 

 

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