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1 – A CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários), o BdP (Banco de Portugal) contestam a decisão do Tribunal da Relação de Lisboa que determina o acesso do Parlamento à lista de maiores devedores da CGD (a Caixa p.d.); a administração da CGD, por sua vez, vai pleitear a decisão junto do Supremo Tribunal de Justiça, por daí advirem «efeitos extremamente perniciosos para a instituição, para o sistema financeiro em geral e para os seus clientes».
As Finanças mantêm um sítio com a lista dos devedores. Diminuíram os caloteiros? Não consta! A Justiça mantém atualizada na Net a LPE, lista pública de executados. Diminuíram os executados por calotes? Não consta! As únicas listas públicas que não aumentam ou se reduzem são aquelas listagens de consumidores que ainda têm direito ao reembolso de cauções do gás e eletricidade e nunca mais se despacham a reaver os meticais. Já chega para satisfazer a curiosidade dos abelhudos encartados que se contam por muitos milhares! A haver um rol de predadores seria muitíssimo mais curto – desinteressante, por isso - e o curto nem sempre é o mais direito. Mas, podia destapar calvas que têm direito a estar encobertas, pois até pode acontecer que se saiam constipados os superiores interesses do país. Oxalá possam entender os senhores juízes de fora que certos segredos ficam melhor dentro, no segredo dos deuses. E, que se saiba, os deputados não são deuses.
2 - O Fisco já está obrigado «a publicar anualmente o valor total e o destino das transferências de dinheiro de Portugal para paraísos fiscais»
Se o segredo é a alma do negócio, cheira-me que esta seja uma medida desalmada. Os paraísos fiscais não são bancas de mércias; têm a abrangência da Lei e parecem servir uma boa causa: pôr a bom recato e a precato as fortunas de quem já tem muitas fortunas, para que elas voltem mais tarde a ser investidas, na origem, de preferência. Por isso, não se entende a colocação de barreiras ao exercício dum direito legítimo. A falta que faz um governante sensível às jigajogas associadas a edens destes e afins!...
3 – O presidente do Parlamento Europeu lembrou os sacrifícios dos portugueses, em entrevista à TSF, a propósito do Dia da Europa, que se comemora esta terça-feira, 9 de maio. “O pior para os portugueses já passou”, afirmou Antonio Tajani, que se diz um “verdadeiro amigo de Portugal”. Numa de simpatia lembrou «que não tem sido fácil, mas graças à sua coragem e orgulho estou convencido que o pior já passou”, disse o Dr. Tajani.
A malta que tem dinheiro emprestado à gente entendeu, há pouco, ser chegada a altura de pôr as contas em dia, em nome da honra política. O governo d’então fez seus os desejos dos credores. De imediato foi invocada fórmula mágica do regime: pagam todos com língua de palmo. E foram cortes e mais cortes, mas sobretudo nos parcos rendimentos do Zé Povinho, até doer a alma; pelo contrário os casacudos chamaram à austeridade um figo! Daí nasceu a lengalenga do sacrifício (ímpio), com a promessa da salvação, ao virar da esquina. Das duas uma: ou o Sr. Dr. é uma alma repesa (e quem se arrepende salva-se), ou estão a ser preparados renovados ladairos!
4 – Os preços da zona euro subiram, em fevereiro de 2017, quase 2% (1,9% para ser mais exato), por comparação com o mesmo mês do ano anterior. Isto foi revelado pelo Eurostat que é o departamento de estatísticas da UE.
Para subir ordenados, faz-se milhentas negociações, na Concertação Social. Para subir os preços no comércio, nem necessário se torna um acordo, ou uma simples satisfação, seja feita a vontade dos donos que não dispensam aumentos chorudos todos os santos anos... Por causa disso se diz que os mercados são livres (?) e a pior desfeita que se faz à liberdade é abdicar dela, naturalmente...
5 - A Fundação La Caixa, dona do espanhol CaixaBank, que controla o BPI, vai investir 50 milhões de euros por ano em ação social em Portugal, anunciou, há pouco o seu presidente, Isidro Fainé, depois de um encontro com o primeiro-ministro português.
De certeza que o primeiro-ministro ficou contente e os futuros destinatários ficaram contentes. Também a dita fundação ficou contentinha da Silva, presume-se. Eu também! Foi então que me assaltou aquele adágio, segundo o qual a caridade de rico é mania de dinheiro...
6 – Cerca de 13% do grupo de espécies que inclui os corais no Mediterrâneo estão em perigo de extinção, como alertou recentemente uma instituição internacional de defesa da natureza, apelando para medidas urgentes.
Medidas urgentes passarão apenas pelo controle da pesca, crê-se. Mas, alguém tem dúvidas que a intensa atividade económica que foi feita sem proteção, durante décadas, engendrou a peçonha da poluição que traz no seu bojo mudanças irremediáveis? Venha o remédio, ou um milagre...
7 – Há poucos dias, a Associação SOS Racismo apresentou queixa contra um restaurante em Odivelas que proibiu a entrada de ciganos. A queixa foi apresentada junto da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial.
A Lei corretamente não permite invocar a reserva de direito de admissão, a maiores de idade sobretudo, em espaços públicos. A queixa tem pernas para andar e prevê-se que vá vingar. Em circunstância alguma é validada a teórica invocação da ocorrência de comportamentos disruptivos, por antecipação. Saber receber bem, em qualquer circunstância e quem quer que seja deve ser a norma a ser seguida por quem opera em estabelecimentos de hotelaria e/ou restauração. A nenhum cidadão se pode sonegar direitos, por ganância.
O senhor já é muito velho para continuar a atribuir culpa aos seus pais de tudo o que lhe acontece. É suposto que um homem da sua idade já inculpe o computador, ou o governo.