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oitentaeoitosim

21
Nov17

Cenas do País Tetragonal (XXXIV)

Jorge

A dialética do interesse é quase sempre mais poderosa que a da razão e da consciência.

 

Põem microfones em frente à dirigente sindical que não se faz rogada a dizer de sua justiça.

Que o governo da nação, em idos anos, entrara no caminho das reformas estruturais: cortes nos ordenados, deterioração da regulamentação de direitos e regalias da malta que dá o corpo ao manifesto, retenções na Segurança Social, amputações nas pensões de reforma, decapitações nos subsídios, congelamento de escalões profissionais, etc... As tesouradas penderam só para o lado dos que recorrem a sindicatos.Os mandantes d'então, em compensação deixaram cair, mais tarde, uns trocos no prato das esmolas que apenas chegaram para amendoins, tremoços e acepipes afins.

Os microfones continuam persistentes a colher impressões da dirigente sindical, como de tantas outras vezes – ela há muito que troca tudo por uma boa luta sindical – e ela não se retrai. 

Que ao atual governo -  ainda por cima suportado pelo partido político do seu coração - dá uma no cravo, outra na ferradura, que o respeitinho pelas reformas é muito bonito e dá jeito. Dá, por exemplo, para atirar o odioso das mexidas nas leis para os governantes que passaram à história, o que colhe simpatias, dá soltura e traz dividendos à governação atual. Esta não se revê apenas na distribuição de apertas e boquinhas pelos proletas, porque os credores e investidores estão sempre à coca, sempre a lembrar que em esquemas ganhadores não se mexe e que é preciso pagar, pagar e pagar, para continuar a ficar ao leme da jangada.

A dirigente sindical, a páginas tantas, tonitrua:

 - Mas isto não fica assim!

Um plumitivo (que gosta de serrazinar) não se contém:

- Onde irá buscar o governo as verbas para a concretização das medidas que a senhora defende?

Que o país tem um défice das contas públicas que dá para esta vida e para os vindouros. Todos quantos escolheram nascer neste país terão sempre de pagar, pagar e pagar com língua de palmo, não há escapatória. Atualmente os turistas (a maioria originária dos países credores) estão a dar uma ajuda, é certo, mas dum momento para outro podem mudar-se armas e bagagens para outras paragens e entorna-se o caldo...

Não se engasga a dirigente sindical e, lesta, diz de sua justiça:

- Bastaria acabar com contratos leoninos estabelecidos com entidades e escritórios privados (que os temos bons ao serviço do Estado) e arrumar de vez as PPP (Parcerias Público-Privadas)!

Sentiu-se algum melindre, sobretudo em meios frequentados por causídicos. Não fosse a voz da senhora sindicalista chegar ao céu, decidem-se passar ao ataque que é a melhor defesa. Porque sabiam que os atuais governantes se atreveram a inscrever, na proposta do OE2018, que os síndicos talvez entrassem com mais umas notas para os cofres da Fazenda (são de domínio público as fracas prestações da classe), ora os togados dizem-se injustiçados e que não pagam, não pagam e não pagam (a coisa já se terá resolvido a contento, no sossego de gabinetes, um processo mais presentâneo).

Entretanto há também garantias que as PPP já fazem parte da paisagem, que  vieram para ficar. Onde já se viu acabar com a AT (Autoridade Tributária), com a CGD (Caixa Geral de Depósitos), com a DGS (Direção-Geral de Saúde, com o CPC (Conselho de Prevenção para a Corrupção), nem pó?! Além do mais, elas estão protegidas por contratos altamente sofisticados (os laborais são mais fáceis de trambicar).

Portanto, a senhora delegada sindical arrisca-se a levar mais uma tampa, mas o senso comum aconselha a que volte à carga,  que este é também um tempo de forçar boas colheitas (os robots estão à pega e os donos dos melões preferem-nos).

No outro dia, um amigo da sindicalista veterana lembrou-lhe esta tirada do Sr. José Luís Peixoto: «Desistir, como morrer, não é sempre mau. Há vezes em que não se pode evitar. Desistir, como morrer, não é sempre mau. Há vezes em que não se pode evitar. Todos nos dizem continua, continua, mas é o mundo que desiste, inteiro, à nossa volta».

Ela comoveu-se, por isso prometeu que vai ficando,que paga para ver.

«A experiência no ganho diminui a canseira» - Sabem-no bem mandantes, mandatários e mandaretes; para ganhar, não basta ter o melhor plantel, basta a palavra certa, à pessoa certa, no lugar certo.

Por isso vão sempre ficando, na maior.

Pinóquio.gif

Pinóquio sonhou em transformar-se num rapaz autêntico; até que se apercebeu que os rapazes de carne e osso se transformam em homens de carne e osso que pagam impostos a sério.

 

 

16
Nov17

Cuidados 2

Jorge

O assédio sexual é abjeto e, deseja-se que seja considerado prática criminosa, por assentar mal em alguém, por constituir vil baixeza, seja em países desenvolvido, ou por desenvolver.

Se a pertença a um grupo social exige consenso e decoro (mesmo que decorativos), no dia-a-dia, mais disso se deve imiscuir nas relações íntimas que se querem livremente assumidas, em solicitação e ternura (ou amor p.d.).

A paz social favorece as trocas feitas em competição decorosa (o confronto aberto tem o seu tempo e o seu modo); as malquerenças introduzem tergiversações indesejadas que tolhem o normal funcionamento das instituições, num país desenvolvido, ou por desenvolver.

As mulheres são as maiores vítimas do assédio sexual (infelizmente as crianças também estão a figurar na listas de tal perversidade), muito embora seja cada vez mais de Lei que, lhes assiste todo o direito de pôr e dispor das suas existências, sobretudo em países desenvolvidos, que os países por desenvolver recalcitram mais que à conta.

Pelo que se vê e entende, o assédio sexual bebe da mesma fonte do machismo, do racismo e duma porrada doutros «ismos» péssimos que por aí desinquietam pessoas e instituições.

Mais poderio, no limite, induz complexos de superioridade, facilitadores de desmandos. Também há os casos simplesmente doentios, ou indivíduos culturalmente convictos que não se perde uma boa oportunidade para subir na consideração dos amigalhaços. Isto não acontece apenas em países desenvolvidos, também nos países por desenvolver em países desenvolvidos, ou a desenvolver

Há muita gente por aí capaz de jurar que há mulheres capazes de levar os homens à intemperança, sim porque que a carne (dos homens) é fraca, o que até é bem capaz de conter uns pozinhos de verdade, embora sejam conhecidas melhores estratégias de tapar o  sol com uma peneira, seja em países desenvolvidos (ou por aí), seja em países por desenvolver.

Andam bem avisados os fúcaros que evitam dar de caras – está-lhes na massa do sangue - com as figuras tristes que outros fazem: criam clubes privados (de conluio com o bas fonds), associações secretas, sociedades secretas, reuniões secretas, fechadas a 7 chaves, para melhor tratar dos seus impulsos; são os tios patinhas tansos os que caem nas esparrelas e acabam na maledicência, tanto em países desenvolvidos e por desenvolver.

«O mal às vezes triunfa, mas nunca vence» - Bem podia ser a moral a tirar das recentes estórias de assédio sexual, nos States. Há ídolos de pés de barro que caem, há negócios a ressentir-se, e ainda não se apurou o ressentimento das Bolsas. Todavia, a seu tempo o lugar ora vazio terá pretendentes de sobra, que a engenhoca que a todos governa não pode ficar ao abandono... O bem parece arredio das grandes maquinações sociais, seja em países desenvolvidos, ou em países por desenvolver.

Uma distribuição de riqueza equitativa entre homens e mulheres (corrigir as dissimetrias por escalões sociais, por género é mais complicado) promete muito na erradicação de escandaleiras sexuais. Sejam bem-vindas todas as tentativas de igualitarismo socioeconómico, em países desenvolvidos, ou em países por desenvolver (ou por aí)!

Hora breve!

Cuidados 2.gif

Eu preciso de ti, querida, tu completas-me.

16
Nov17

Cuidados 1

Jorge

(Porque) a vida, tal como a confiança, só se perde uma vez.

 

Os incêndios previnem-se, ou combatem-se.

Funcionários diligentes (de preferência imunes a tricas e capelinhas) e tecnologias up-to-date (em funcionamento a todo o gás) são meio-caminho-andado para a contenção de fogos.

Como prudência e caldos de galinha nunca fizeram mal a alguém, a desativação calculada de comportamentos coletivos, estilo deixa-andar e a fuga sistémica à responsabilização, pode dar certo.

Para obviar à mentalidade do «deixa-passar-esta-linda-brincadeira», aqui e agora ficam sugeridas 2 estratégias que podem cair que nem ginjas: ultime-se o cadastro predial e toca a lançar mãos de campanhas nas tevês (perdoem-me os outros média)!

Calcula-se que não são reconhecidos oficialmente mais de 50% dos proprietários do solo do país, o que corresponderá, grosso modo, a 20% da área global da nação. A efetivação do cadastro predial (o rústico é o mais importante para o caso) parece óbvia: o desconhecimento do dono atual impossibilita a responsabilização, perante descuidos na manutenção de áreas verdes; já agora, também previne o exercício da continuada, requintada e requentada fuga aos impostos, uma tendência indígena fortemente marcante cultural (a exigir a atenção das autoridades máximas do património).

Campanhas sensibilizadoras nos média, a sugerir comportamentos conformes, dão frutos capitosos, se emitidas na época certa, diariamente, se necessário.

Atualmente está em curso uma campanha, para redução de consumos de água – apenas em jornais -, mas, que por certo vai atracar a bom porto.

Se a supra citada campanha privilegiasse as tevês generalistas, outro galo cantaria, tal a devoção dedicada ao audiovisual pela maioria da população.

Alertas na tevê metem-se mais pelos olhos dentro (mas custam mais massa)!

(A propósito, um dia, uma senhora disse que não há nada mais desmoralizador que ninguém repare no nosso bom desempenho. Por que não criar troféus a premiar boas prestações, no domínio da prevenção de incêndios?).

Para não estar para aqui a falar em seco, deixo, para incendiar ideias, conselhos inseridos um prospeto editado pela câmara de Castelo Rodrigo (há outros, doutras câmaras) que, espero, me perdoe a ousadia, se tanto. É só colher ideias...

 

 Pequenas ações que podem fazer para evitarem um incêndio florestal:

• Se tiver absoluta necessidade de realizar uma queimada, avise as autoridades e os seus vizinhos. Vigie bem o fogo até que se extinga completamente.
• Durante todo o período de realização da queimada, tenha à mão enxadas, pás e água.
• Não faça fogo no interior das matas nem lance foguetes ou outro fogo-de-artifício.
• O lançamento de foguetes não pode ser efetuado no interior das florestas, devendo manter-se uma distância de segurança de 500 metros.
Se mora junto de uma área florestal:
• Limpe o mato à volta da sua habitação e de outras edificações num raio mínimo de 50 metros.
• Separe as culturas com barreiras corta-fogo (por exemplo um caminho).
• Guarde em lugar seguro e isolado, a lenha, o gasóleo e outros produtos inflamáveis.
• Mantenha em lugar de fácil acesso algumas ferramentas como enxadas, pás e outras, que possam auxiliar num primeiro combate aos incêndios.
• Não queime lixos no interior das florestas nem numa distância inferior a 100 metros do seu limite.
• Nunca deixe crianças sozinhas em casa e fechadas à chave. Não as deixe brincar com fósforos ou isqueiros.
Se for passear à floresta:
• Não deite fósforos ou cigarros para o chão.
• Se viajar de automóvel, não deite pela janela cinzas nem pontas de cigarro.
• Leve a sua refeição preparada, para evitar acender fogueiras.
• Se tiver de fazer uma fogueira, utilize os locais próprios. Atue com cuidado:
1. Nunca faça fogueiras em dias de muito vento.
2. Coloque um círculo de pedras em redor do fogo.
3. Molhe bem o local à volta.
4. Mantenha por perto um recipiente com água.
5. Vigie-a atentamente.
• Antes de abandonar o local apague completamente o fogo e as brasas. Torne a molhar bem todo o local da fogueira.
• Nunca faça fogueiras em dias de muito vento.
• Certifique-se que não abandona na mata nenhum tipo de lixo, incluindo garrafas de vidro.
Se detetar um incêndio, contacte:
• Os Bombeiros Voluntários pelo 271 312 405
• A G.N.R. pelo 271 312 142
• O número de emergência 112 ou 117.

 

 

 PS: Embora se saiba que as teorias da conspiração vendem melhor, aqui ficam sugestões de temas que vêm ao caso e que as tevês generalistas podiam debater, por conta e risco: o contributo da chuva artificial na resolução dos fogos; a dinamização de brigadas anti incêndios; a cura da piromania; fenómenos de faiscação e pirologia na progénie dos fogos...

 

06
Nov17

Cimélio 2

Jorge

Um senhor corria, à maneira, ao longo do espaço central de uma das avenidas mais poluídas da nação, sita numa das cidades mais meridionais da nação.

Como estava por ali perto, arrotei uma posta de pescada:

- Há pessoas que julgam que correr dá saúde e faz crescer, ainda que seja no meio da poluição!

Era suposto o senhor não ter ouvido a bocarra, pois moderei o tom de voz. Mas, não, o senhor em questão topou-me; com ar empertigado e cara de poucos amigos, não foi de modas:

- Estava a falar comigo?!

Aí fui obrigado a retrucar, por uma questão de garbo, até porque a meu lado estava o meu irmão (a quem dirigira o reparo, efetivamente):

- Mas, eu conheço-o de algum lado, para que tenha a presunção de lhe (me) dirigir a palavra?!

 Meu irmão e eu estávamos ali, por mero acaso, quando nos propúnhamos a atravessar aquela via de transportes, à la Lagardère. Foi do meu irmão a tirada:

- Desimpeça-me a loja!

O senhor para-atleta, atleta, ou coisa que o valha prosseguiu na dele, largou a correr, sem mais bufar, o que me deixou espantado, mas, sobretudo aliviado.

(Numa fração de segundos, eu já fora capaz de congeminar uma saída «à Trump», estilo «agarrem-me, senão vou-me ao Kim!» - a necessidade aguça o engenho -, para impressionar, mas tudo se compôs, deo gratias!)

Ao retomar o nosso percurso, pus-me a contar a meu irmão aquele cena de ter visto, num estreito território da Ásia, jogadores de equipas de futebol que mal esperavam o fim de jogatina amadora, para sacarem dum cigarrito.

Aí meu irmão saiu-se com esta:

- Eu sou lorpa, mas não chego a tanto!

Caí em mim, tinha-lhe dado um pretexto para continuar a fumar tabaco e não fiquei contente (embora que eu saiba ele costuma fazer uma caminhada todos os dias, em terrenos afastadiços dali)...

Palavra puxa palavra e sou eu a pensar em voz alta que há por aí muito boa gente a julgar que os popós já não desenvolvem gases nocivos para todas as formas de vida.

(Que eu se saiba, por exemplo, o monóxido e o dióxido continuam a sair dos escapes, para pouco bem e muito mal).

Ao que se sabe, o jogging, a caminhada e a marcha, por exemplo, são práticas necessárias à saúde, mas requerem, áreas verdes, afastadas o mais possível das vias de comunicação, sobretudo em áreas verdes, certo?

(Causam-me engulhos as ciclovias que serpenteiam por entre os popós.)

Mas, se ficar demonstrado que os benefícios colhidos na prática de exercício físico junto aos popós compensam os efeitos deletérios dos produtos saídos dos canos de escape, já cá  não está quem falou, façam o favor de concorrer com os popós; entretanto fiem-se na virgem...

Cimélio 2.gif

Não é uma erupção cutânea, é musgo. Precisa de ser mais ativo que uma árvore!»

 

01
Nov17

Cimélio 1

Jorge

Recentemente dois investigadores de renome na Europa foram postos perante a seguinte questão:

- Caso estejam impregnados de produtos químicos - nomeadamente devido ao uso de pesticidas - os legumes, hortaliças e frutas que consumimos e cujas vantagens alimentares são indiscutíveis, não seria mais avisado deixar de consumir tais bens?

Ouvidos separadamente, ambos responderam que não. As suas justificações traduzem-se assim: temos pena pela contaminação, mas, pelo que se sabe de ciência segura, é preferível não os excluir, mesmo assim, das dietas, porque os benefícios colhidos do seu consumo superam os riscos potencializados pela contaminação. Só num contexto de uma catástrofe hedionda – contaminação nuclear, por exemplo – deveriam ser postos de lado.

Também ambos estiveram de acordo que é preciso acautelar o uso de pesticidas. Também vincaram que os bens alimentares oriundos da agricultura biológica (isentos de químicos, mas sem grandes vantagens nutricionais relativamente a bens equivalentes da agricultura convencionada) são uma alternativa ponderosa.

De tais ditos não sai beliscada a indústria química, não sai menorizada a agricultura tradicional, sai garantida a agricultura bio e não sai comprometida saúde da gente (os regimes esses ficam intocados, deo gratias!).

Não se vive para comer, antes pelo contrário.

 

Popeye.jpg

Será possível que estivesse errado sobre os espinafres, todos estes anos?!

 

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