Felizardo
Estou numa de zapping, por entre os canais disponibilizados pela operadora - a empresa pela qual fui contactado e contratado garante que são o triplo daqueles que efetivamente contam e estão ao alcance da minha vista -, quando os meus ouvidos detetam o tom agradável duma voz singular que, naquele domingo à noite, atua num concurso de executantes de música.
Quedo-me ali extasiado a ouvir aquela moça de voz portentosa, com domínio de voz ainda mais portentoso, a trinar um fado (melhor, ao estilo do fado), com uma naturalidade espantosa, só ao alcance das pessoas dos chamados (nem sempre merecidamente) consagrados. Socorro-me do comando para voltar a ouvi-la um ror de vezes e fico pesaroso, quando interrompo – como quem não quer a coisa – a audição daquela melodia transporta nas asas daquela voz surpreendentemente melodiosa e pungente.
(Por perto estavam 2 pessoas prestes a cair nos braços de Morfeu, pelo que não se fizeram rogadas em imprecar-me e a atirar almofadas e tudo o que apanhavam à mão; assim age o pessoal consciente que o trabalho dignifica e do qual retiram a gorjeta para comprar o popó, os morfos, os entornos, as águas que o passarinho não bebe, os trapos, as pastilhas, os telelés, as prendas natalícias, etc...).
Depois deste episódio, não me tenho cansado de ouvir o belo canto da moça, na Net, pois me deixei seduzir, gostosamente, é isso! Quando me tratam bem, com caranço e me dão música à maneira, fico assim mole, independentemente da letra que, por acaso, neste caso, também é apelativa.
Obrigado, Beatriz (Felizardo), pela ajuda em valorizar as coisas boas da vida; sou eu o felizardo por tê-la escutado!
Sei que não a quiseram nas etapas seguintes do certame e facilmente me ocorre que isso a penaliza, mas estou em crer que o futuro lhe fará justiça; ele não o pode deixar, de forma alguma, de mãos a abanar.
Tive muito gosto em conhecê-la assim. Apareça mais vezes, mesmo sem aviso prévio. Fique a saber que, terá contribuído para meu deleite a letra da sua «Fala de mulher sozinha» (como o fez no concurso da tevê e como o faz na Net, com naturalidade).Vá por mim: nunca ninguém cantou tão bem aquela canção como a Beatriz.
Felizardo uma vez, felizardo para sempre.
Não consigo dormir nada, à conta dos cantos de todos aqueles anjos anunciadores!
PS – Sinceramente estou em crer que a Beatriz tinha o destino marcado, ou seja, não poderia continuar no concurso: o autor da música é persona non grata por aí. Eu sei que, às vezes, o diabo tece-as. Sabiam?