Desgueibas (1)
i - As ordens militares soltaram-se, os peões de brega progrediram, as máquinas de guerra acometeram e houve devastação. Construções e património ficaram esfarelado(a)s, pontes foram derribadas e muitos outros equipamentos ficaram inutilizados. Mais importante, muitas vidas humanas (de não militares) foram ceifadas, outras ficaram definitivamente estropiadas e outras escaparam por pouco.
No cenário de guerra, umas quantas câmaras de gravação levaram as más novas ao mundo, sobre aquela hecatombe sem justificação formalizada, tirante a óbvia acumulação de espólios.
Por isso, ninguém apontou o dedo a ninguém.
Eu posso assegurar que fiquei com muita pena.
(Na guerra e no amor é tudo permitido?)
Eu amo-te. Não me apetece falar de táticas militares contigo.
ii -Um grupo de senhoras proprietárias e moradoras em bairro habitado primacialmente por gente bem remunerada, desceu à praça pública, a contestar a construção de equipamentos urbanos numa área verde do bairro, paredes-meias com uma escola básica do 1º ciclo e uma creche ambas frequentadas por criancinhas que fluíam naquele espaço.
Para ali, a edilidade tinha aprovado a construção de uma novo templo, com adro, centro paroquial, estacionamento subterrâneo e casas mortuárias.
Que o projeto pecava pela volumetria em demasia, eis um argumento de peso.
Eu posso assegurar que, à mistura, havia muita pena dos menores.
(É penoso lidar ou fazer lidar com o fim da vida, quando se está no seu começo.)
A minha mãe disse-me que Eva foi criada em segundo lugar, para que nós mulheres pudéssemos ter sempre a última palavra.
iii - Há dias, um senhor de longa prática de vida em regiões depressivas falava do contentamento que deveria sentir quem dispõe duma torneira ao alcance. Talvez metade da gente deste planeta que é de todos – seja permitida a aleivosia - usa sistematicamente água canalizada, potável e de qualidade aferida, mais dentro de portas, seja na alimentação, na higiene pessoal, ou na produção de mercadorias e geração de valores. Invariavelmente a água consumida cai das nuvens - que maldizemos, quando poucas bátegas nos dão, ou então quando se abatem em períodos de sobra, de lazer, ou a caminho do trabalho – e posteriormente é carreada até aos fogos habitacionais e de produção.
À outra metade que falta da população da Terra falha o precioso líquido que chega aos locais de produção e de habitação raramente límpido, cristalino e inodoro. E chega, quando chega, quando não as pessoas deslocam-se a armazena-lo nas nascentes, furos, ou poços. Depois essa água é dirigida para os veios que a leva aos diferentes locais de consumo.
O senhor falou daquilo com muita pena.
(O comentário do senhor deixou-me mal com esta vida, temos pena!)
O outro desafio do balde
(Poço a 3 km)