Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

oitentaeoitosim

20
Nov18

Close-up 4

Jorge

Traduzido por miúdos, os espetáculos tauromáquicos incluem as corridas de touros, as corridas mistas, as novilhadas, as novilhadas populares, as variedades taurinas, os festivais tauromáquicos e as corridas de toiros. Os espetáculos tauromáquicos, sobretudo as touradas, são protagonizadas por artistas (sic) cujas lides envolvem o recurso a garraios, bezerros, cavalos, potros, novilhos, vacas, mas sobretudo touros que se veem na necessidade de ir à luta, mesmo que para tanto se vejam compelidos a fazer figuras de urso, para gáudio de plateias embevecidas que esperam sempre o melhor desempenho possível dos intervenientes.

(Há bichos vocacionados para bestas de tiro, outros para bestas de roda, sendo que, quase todos acabam no prato dos humanos, pelo que muita gente os toma por bestas quadradas.)

Não vem com muito que os humanos foram alertados a manter os seres vivos irracionais nos ambientes em que melhor se sintam. Assim, e em desfavor de circos, aquários, jardins zoológicos e quejandos, têm vindo a ser criado(a)s áreas protegidas - parques nacionais, parques naturais paisagens, protegidas e monumentos naturais - ,sobretudo em países e recantos mais civilizados do globo terráqueo, assim ao estilo das velhas reservas.

(Proteger vale mais saúde e mais pilim.)

Na sequência, uma certa consciência social vem subindo de tom, sobretudo em países e recantos mais civilizados, a reclamar mudanças nos comportamentos e atitudes dos seres racionais, perante os animais irracionais, como o testemunham o surgimento de organismos, instituições, observatórios, fundações, movimentos e plataformas a pugnar pelos direitos dos animais, nomeadamente o pelo fim de comportamentos humanos torturantes.

(Quem dera a muitos que a carne animal estivesse a perder adeptos.)

De forma que, por aqui há, por exemplo, cada vez mais as vozes a erguer-se contra o sofrimento e o estresse cominados a bichos, nomeadamente os que são infligidos de livre alvedrio nos espetáculos tauromáquicos, sobretudo nas toiradas, que resistem à introdução de alterações paradigmáticas.

De facto, os espetáculos tauromáquicos, sobretudo as toiradas, estão a perder algum fôlego, pois já estão proibidos em algumas localidades, há arenas desativadas e as transmissões de tevê estão mais escassas, neste país civilizado. Contraditoriamente, em tempos recentes, tem aumentado a clientela atraída seja pela intrepidez dos artistas, seja pela garridice dos paramentos que são exibidos os artistas, seja pelos cerimoniais envolvidos, ou pelo sangue redentor de medos e fantasmas que rola na arena, ou ainda pelo patuá da malta do milieu, assim a modos dum direitês, de requinte e distinção.

(Sabendo da sua atração pelo esotérico, desconfia-se que, neste pormenor, os turistas deem força a estes números.)

Segundo versão mais recente, posta a circular pela nata da consciência social, os espetáculos tauromáquicos, sobretudo as touradas, investem contra a civilização (ocidental), hipótese essa ainda não comprovada e imediatamente contraditada, em alta grita, pelos aficionados, com argumentos culturais: a tourada faz parte dos usos e costumes cá da malta, desde tempos imemoriais e sempre resistiu a qualquer tentativa ao seu banimento, mesmo que provenientes da clerezia, ora vai-te lá curar!

(Em que pé está a propositura da elevação da tourada a património da humanidade?).

Recentemente foi tida por peregrina proposta de aplicar taxa máxima de IVA aos bilhetes de acesso a touradas, ao-fim-e-ao-cabo uma espécie de pilhéria: segundo entendidos na matéria, muitos dos bilhetes de acesso aos espetáculos tauromáquicos, sobretudo às touradas, são tradicionalmente distribuídos, a fundo perdido, pelas entidades oficiais supervisoras e não estão previstas alterações a este processamento, no curto, médio, ou longo prazos.

Não se afigura ser esta a altura azada para mudanças no nível e na qualidade de vida de artistas, apoderados e donos de curros, ganadarias e latifúndios; descansem os corações mais apaixonados pelas faenas e correlativos que ainda não é desta que a tauromaquia cederá o passo, apesar da contestação da nata da consciência social. Queriam a tauromaquia a gerir negócios de animaizinhos de estimação (por acaso um ramo em franca expansão em recantos e países tidos por mais civilizados), queriam? Nunca se sabe as voltas que o mundo dá, embora convenha lembrar que maldades aplicadas a canitos e bichanos estejam a ser punidas com severidade, pela Justiça.

Portanto, aos espetáculos tauromáquicos, sobretudo as touradas, para já, está garantido que não vão parar, em breve, aos museus, estâncias que estarão disponibilizadas a albergar a pobreza, nas palavras do pai do microcrédito, o que implicará a alterações na estrutura e na conjuntura do mesmo, restando, assim, pouca disponibilidade para outras operações de cosmética, no imediato.

(A propósito, para quando a contestação à música pimba, aos programas pimbas de tevê, ao folclorismo, etc...)

Um cavalheiro empertigado dizia, há dias, sobre uma oclusão dos espetáculos tauromáquicos, sobretudo as toiradas: «Mais depressa acaba a fome no mundo»! Tal inferência traz preocupada a nata da consciência social, muito interessada em manter/melhorar a posição destacada deste recanto no ranking dos países civilizados, bem poderia incentivar a denúncia do encaminhamento, par o sector, de lautas maquias, sob forma de subsídios (o período das exibições só ocupa metade do ano, será por isso?).

Por certo estarão programadas novas confrontações verbais entre opositores (em tom delicodoce e voz contida) e aficionados (em tom enxofrado e voz poderosa) dos espetáculos tauromáquicos, sobretudo das touradas. Até lá, que haja paz – o mundo civilizado convive bem com a guerra - e acabe mesmo a fome no mundo!

(Os contrincantes, na questão se um país pequeno e com garantias de civilização dadas, deve ter exploração de petróleo perto das suas praias, puseram-se de acordo, em menos de um fósforo.).

Touro.jpg

Mãe, puseram-me numa arena circular e está para ali um fulano a mostrar-me um pano vermelho. Que faço?

 

 

20
Nov18

Diletantismo quatro

Jorge

Diletantismo quatro

 

A luz ténue do dia, há pouco surgido, permite-lhe descobrir, em cima da sua secretária, uma mensagem em papel fino e perfumado, contendo este decálogo (terá ali havido mão divinal?):

1 - Só é bom lutador quem sabe lutar consigo próprio.

2 - Saber baixar a bolinha, ou fazer um compasso de espera, na altura certa, é uma virtude.

3 – A amizade fecha os olhos, amor é cego.

4 - A vaidade é o alimento dos tolos.

5 – A competição pode ser estímulo; como pretexto para aniquilar a concorrência é contributo para a barbárie.

6 - Pior que ser agarrado ao pó é ser agarrado ao poder.

7 - Nas refregas, convém saber escolher os aliados, eles podem ficar-se a rir, por fim.

8 - Não batas nos teus, que, um dia, deles necessitarás.

9 – Sabes o que aconteceu a um jogador a quem o presidente do clube apelidou de «menino mimado»? Rescindiu e nunca foi inculpado.

10 - Não te esqueças nunca de aviar a medicação prolongada.

Empalideceu primeiro, arrepelou-se depois e mais tarde rasgou as vestes, numa palavra, o senhor passou-se. Gritou às 4 paredes que nada, nem ninguém o faria descer do pedestal, cambada de ingratos, foram 5 anos de sucessos, sim o clube sou eu e o seu inverso também, só os biltres se recusam a reclinar-se perante os meus conseguimentos, acima de mim ninguém (o Criador, ao ouvir tal, terá ficado sem pinga de sangue)!

Como teria alguém conseguido ali entrar?

O senhor permaneceu no gabinete, ensimesmado e em prolongado blackout; entretanto, pôs-se a alinhavar um plano de ação/retaliação que haveria de passar ao papel para recolher assinaturas dos colegas de administração da entidade patronal. Eles vão ver como elas lhes mordem!

Depois, ainda naqueles preparos, o senhor desarvorou rua abaixo, em busca dum escritório onde encomendou a ereção dum bunker pré-fabricado. Dava tanto jeito ao senhor que não demorasse a fundação...

 

PS1 – Uma produtora de telenovelas, solidamente estabelecida no mercado audiovisual, terá endereçado um convite ao senhor, no sentido de conseguir a sua colaboração como guionista. Para já levou tampa, a seguir se verá!

PS2 - Não se confirma que o senhor tenha recebido um convite, por parte de uma novel formação populista, para ser cabeça de cartaz.

(A quem possa interessar, consta que Nero terá mandado incendiar Roma, para gáudio pessoal...)

nero.jpg

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2020
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2019
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2018
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2017
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2016
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2015
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2014
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2013
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2012
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2011
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2010
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2009
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub