Nota bene III
Melhor é acender uma vela que amaldiçoar a escuridão
Provérbio
Henrique Mateus, encafuado no seu domínio, medita e regista:
. Muita gente gosta de frequentar cafés, restaurantes, ginásios e afins.
. Por isso, atualmente aí podem operar-se emissões significativas de cargas virais do novo coronavírus que todos sabem ser bem ruim.
. Gotículas e aerossóis emitidos, por alguém infetado com o novo coronavírus, ao falar alto, a cantar, ou a respirar intensamente podem difundir o dito microrganismo.
. Pode haver depósito do dito cujo em superfícies, ficando ao alcance das mãos desprevenidas de pessoas.
. O sacana do novo coronavírus pode chegar assim ao nariz, aos olhos, à boca da gente, por diferentes vias.
. Insuficiências na ventilação agravam a presença do dito vírus.
. Há sempre variadas pessoas a cruzar-se naqueles espaços comerciais que podem contribuir para uma propagação desmedida.
. Em esplanadas, há uma ligeira mitigação desta tramitação, mas nunca fiando.
. Porra, ainda por cima não se pode comer ou não convém fazer exercícios físicos com máscara.
. Daí ser admissível que ginásios, cafés, restaurantes e afins estejam encerrados, em tempos em que se impõe quebrar a pandemia.
Numa mesa solitária, a seu lado, pousa um jornal impresso e ele não resiste em ler, pela enésima vez, este quadro funesto: «Portugal é o único país do mundo com mais de mil casos por milhão de habitantes, numa média a sete dias, a somar-se agora aos dados da maior incidência de infeções a um prazo de 14 dias».
(Uma má posição, mesmo que a comparação seja feita entre países do mundo useiros e vezeiros em revelar dados tidos por credíveis).
Henrique Mateus, microempresário da restauração, daqueles de antes quebrar que torcer, mal contém um soluço.