Excetivo
Estavam marcadas eleições, na república.
De Evelino sabe-se ser um tipo bem arriado, de saúde cuidada, com bom emprego, casinha própria já paga, detentor de carrinho de média gama. Dotado de verbo fácil, ele sabe de poda eleitoral, de orçamentos, de política fiscal, de subsídios comunitários, de angariação de fundos, sabe da poda e costuma ter resposta pronta, na ponta da língua!
Evelino assume a sua candidatura àquelas eleições, como cabeça duma lista de cidadãos independentes das formações partidárias estabelecidas no terreno, que os tempos estão de feição de pugnar antes por diferentes causas sociais, não necessariamente conduzidas por batutas partidárias.
Poucos auguravam sucesso aquela sua lista de independentes, menos ainda, desde que, no decurso duma arruada - ocorrida ao terceiro dia de campanha eleitoral - Evelino dá uma brutal queda que, entre outras sequelas, lhe desfaz a dentadura, cuja reparação cabal levaria mais tempo que a restante campanha eleitoral. Apesar de óbvias dificuldades, nomeadamente no andar e no fazer-se entender a propósito, não desiste de presidir a todas as ações programadas, sessões de esclarecimento inclusive, bastante concorridas por sinal.
A lista de independentes sai vencedora.
PS - Entretanto, está a ser proposta, por um grupo de cidadãos (inclui edêntulos), a ereção de um memorial alusivo, no local daquela queda.
Neve (de outubro)?
Não, panfletos eleitorais...