20
Jul12
Sic transit gloria mundi
Jorge
Célio e Célia aplicam-se nos estudos, marram em doses moderadas, um par de horas todos os dias úteis, evitam maratonas de decoranço, ou diretas, em vésperas de testes, e não usam auxiliares de memória. Frequentam discotecas, cinemas, teatros e festivais, quando dão o tempo por bem empregue. Devotos dos ideais olímpicos, não descuram o consumo de adrenalina em desportos radicais, estilo parapente, kitesurf, canyoning e cliff diving. Fogem de pielas como diabo da cruz, desconfiam-se incapazes de parar ao primeiro shot.
São namorados, aproveitam todos os segundos disponíveis, intervalos das aulas, horas de refeições, deslocações, tempos de espera para trocarem beijos, piropos, abraços, excitações e curtições. Frequentam a mesma turma, as mesmas disciplinas e comungam da igual praxis: concentra-te nas aulas e faz o que te mandam, quem sabe, sabe. Numa aula são surpreendidos a trocar olhares dengosos e juras de amor eterno teleguiadas. Tanto basta para seja montada uma roda de gozo pelos colegas e um valente puxão de orelhas por parte da docente que até acha piada à cena, só que o regulamento interior proíbe tais expansões, noblesse oblige. Resultado: uma repreensão registada no currículo, sem causar engulhos.
Andam sempre juntos, um dia fartam-se um do outro. Aquilo é só marmelada, para inglês ver. Muita farra, pouca uva. Ouvem-se a esmo estes e outros comentários da autoria de colegas despeitados, não praticantes, pais intrigados ou mesmo de transeuntes dados ao respeitinho que é muito bonito. Os progenitores de ambos os lados não se intrometem, pelo contrário, convivem e trocam visitas e prendas.
Chega o último exame do secundário, antes do almejado acesso à faculdade de medicina. Colocados na mesma sala, fazem o último exame com um pé às costas. Trocam olhares e ciciam propósitos de amor duradouro e sempiterno, em 5 segundos do tempo restante. Um dos diligentes vigilantes, partidário da avaliação sem fronteiras, toma a situação por inusitada e fraudulenta. Anulação confirmada, Célio e Célia pressentem o chão a fugir-lhes debaixo dos pés. O fim da linha pressagia o fim da picada (ou antes pelo contrário?).
São namorados, aproveitam todos os segundos disponíveis, intervalos das aulas, horas de refeições, deslocações, tempos de espera para trocarem beijos, piropos, abraços, excitações e curtições. Frequentam a mesma turma, as mesmas disciplinas e comungam da igual praxis: concentra-te nas aulas e faz o que te mandam, quem sabe, sabe. Numa aula são surpreendidos a trocar olhares dengosos e juras de amor eterno teleguiadas. Tanto basta para seja montada uma roda de gozo pelos colegas e um valente puxão de orelhas por parte da docente que até acha piada à cena, só que o regulamento interior proíbe tais expansões, noblesse oblige. Resultado: uma repreensão registada no currículo, sem causar engulhos.
Andam sempre juntos, um dia fartam-se um do outro. Aquilo é só marmelada, para inglês ver. Muita farra, pouca uva. Ouvem-se a esmo estes e outros comentários da autoria de colegas despeitados, não praticantes, pais intrigados ou mesmo de transeuntes dados ao respeitinho que é muito bonito. Os progenitores de ambos os lados não se intrometem, pelo contrário, convivem e trocam visitas e prendas.
Chega o último exame do secundário, antes do almejado acesso à faculdade de medicina. Colocados na mesma sala, fazem o último exame com um pé às costas. Trocam olhares e ciciam propósitos de amor duradouro e sempiterno, em 5 segundos do tempo restante. Um dos diligentes vigilantes, partidário da avaliação sem fronteiras, toma a situação por inusitada e fraudulenta. Anulação confirmada, Célio e Célia pressentem o chão a fugir-lhes debaixo dos pés. O fim da linha pressagia o fim da picada (ou antes pelo contrário?).