Vanglória
A sra. Conceição prima por não fazer concessões ao mau gosto, interage bem com as pessoas que entrevista, apresenta-se bem, não alinha no popularucho e parece estar sempre grata a quem conversa com ela. Saiu-lhe a fava, quando, no finzinho do «Boa Tarde» teve de haver-se com 4 moçoilas, destemidas fãs do sr. Justin, um trovador consumado, a mais fulgurante estrela no panteão de ídolos de teenagers, em muitas partilhas do mundo, o último produto acabado do showbiz do outro lado do Atlântico. As sãs moçoilas - formosas e seguras - elogiam a confiança que os cotas depositam nelas, acham que as palavras cantadas pelo ídolo traduzem as vivências, as preocupações e reivindicações da gente nova como elas (com estas os rappers não se safam!), que seriam capazes de sacrificar a cobertura pilosa para agradar ao monstro sagrado, que já o tinham visto atuar noutros sítios do mundo e uma delas enfrentou heroicamente os maus humores do tempo para conseguir um lugar na primeira fila do espetáculo. Quanto mais perto do adorado (terão elas namorado?), como diz o outro, sempre se fica mais aconchegadinho. O seu enternecimento não é traduzido em ais, lágrimas e palmas da plateia, que os gostos dos circunstantes talvez sejam mais delicodoces. A sra. Conceição também não estava lá para aparar golpes, nem pelos ajustes («há quem goste do género»). Talvez não tivesse tido na devida conta o impacto do evento na economia local, não é de todos os dias o estipêndio de 1 milhão não é contributo menosprezável, um balúrdio. Terá sido por causa deste evento que a troica ainda está por aí?
(12/3/2012)