Truanices
. Sicrano apelidou Beltrano de palhaço, em público. Beltrano não gostou e levantou um processo penal, a Sicrano, em sede própria. Toda a gente soube do qui pro quo, pelas fontes oficiais e oficiosas, ou por portas e travessas. Muitos gabaram a coragem a Sicrano, em privado, apesar que ele se ter posto a chorar baba e ranho, em público, por causa da boutade. O emprego anda pelas ruas da amargura, as profissões estão a seguir-lhe as pisadas, sorte marreca!
. Anselmo fez mangação e apodou Felismino de palhaço. Este não gostou; fosse saltimbanco, talvez perdoasse. Felismino desafiou Anselmo para um duelo de desagravo. Nenhum dos dois sabia terçar armas, pelo que se inscreveram nas Oportunidades Novatas, num curso intensivo de sabre, espada e florete. No dia e hora combinados, faltaram à chamada. Em desespero de causa, os padrinhos bulharam e liquidaram-se mutuamente. Guardado estava o bocado!
. Antímio chamou de palhaço a Severino, um seu vizinho do condomínio In. A tirada não caiu bem. Amigos dos 2 empresários mediaram o arrufo. Transcorridas algumas horas sobre o incidente desagradável, organizaram ambos uma festa, aberta a ambos géneros, em que o único acessório consentido era um nariz vermelho. Há males que ficam bem!
. Plácido chamou de palhaço a Quirino, seu vizinho da Quinta dos Nenúfares, um bairro fértil em cambaleios, cambalhotas e cambalachos. Logo ali se bateram, estrafegaram, partiram ossos, trocaram nódoas negras e bolçaram insultos. Terminada a função, foram ao baile da paróquia e hoje por hoje são caras unhacas inseparáveis. Viver é combater, combater é viver!
.Brízida chamou de palhaça a Germana, uma CEO altamente cotada no milieu. A segunda não gostou do escárnio, vindo de uma colega de ofício, mas inclinava-se a pôr uma pedra sobre o assunto, não fora o facto de ter um dicionário ali à mão. Brízida, convocada a comparecer perante meirinho áspero, armou-se em contumaz (que não aos cágados, ou menos ao pingarelho), por não ter tempo para se coçar, argumentou judiciosamente. Julgada à revelia, o juiz de fora obrigou Brízida a pimenta na língua, por recurso a terminologia imprópria. Não seja o castigo maior que a culpa!