18
Ago09
A praia de areia fina finou-se
Jorge
A radialista anuncia bom tempo, logo pela manhã. Podia confiar-se na informação, chuva não haveria e a temperatura estaria consumível, caso o vento não embirrasse e desatasse a soprar por todos os quadrantes. Estava-se no estio, a altura de tratar do bronze, um requisito estranho dos caucasianos que, não raras vezes, implicam com a tez de outros irmãos. Fontes bem colocadas, garantem que o bronze atrai outros metais, por mais vis que sejam. Pelo menos há quem tenha tal percepção.
Atenta às notícias, a família Silvestre enche de armas e bagagens requeridas pelo caso o carrocim e parte para o litoral arenoso, ali à mão de semear. Difícil foi arranjar local para aparcar, mas, ao fim de uma hora de vãs tentativas e muito praguejar, lá se encontrou um naco de passeio que se pôs a jeito. Seguiu-se a luta pela posse efectiva de uma franja do areal, nada que 3 espirros à maneira não tenham solucionado de pronto o imbróglio. (A gripe porcina assusta, não é?). Teve de ser bem negociada o estabelecimento do guarda-sol, pois o sol não sossega e toda a gente tem direito ao refrigério da sombra ou aos dardos do astro-rei. Alaparam, despojaram-se, estudaram as confrontações, atiraram-se aos morfos e depois à água, tudo isto no meio de um chinfrim dos diabos.
A dois mergulhos e uma hora de tostadura à maneira, seguiu-se um intervalo, aproveitado para desenferrujar mais as pernas. Nada melhor que tentar uns chutos, dez malabarismos e 12 raquetadas. Mais do que isso não permitia a concorrência que vinha de todos os lados e a sã convivência democrática não admite excepções. Na praia aprende-se a vida. E ainda jogaram às cartas, a ver quem pagava a bica e o bagaço no restaurante do concessionário que não tinha duche
Um passeio à beira-mar reconfortou os músculos, os órgãos, os tecidos e as células todas e deu para pôr as conversas em dia. O tema daquela hora era o da vizinha famosa que tinha sido lobrigada suspensa do braço de um marmanjão recém-caçado. E cá vai mais uma sessão de mergulho retemperador!
Os passos trouxeram-nos de volta ao seu rincão de areia e nada, nem toalhas, nem guarda-sol, nem roupas, nem… areal! Os veraneantes da praia concorrente deram-lhes as más novas: uma onda viva visitara aquela praia e regressara ao buraco pelágico com todos os pertences, seres e haveres. Os estudiosos ainda estudam como compensar o comércio pela areia perdida.