Apostilha 4
Profes do ensino básico e secundário (cadê os outros?) vão ter de gramar um exame sobre conhecimentos transversais e outros que tais, para «aumentar sustentadamente os padrões de qualidade do ensino", e promover assim a "equidade entre os candidatos ao exercício de funções docentes", a chamada PACC (a da agricultura é só PAC). Imagine-se um docente contratado, portador de habilitações académicas requeridas por lei, estágio profissional no bornal, formação contínua paga e em dia, avaliação do desempenho conseguida e munido de espírito de missão. Chega para concorrer, ficar colocado e exercer a profissão docente? Não chega! O senhor ministro tem umas contas a ajustar com o eduquês que fomentou o ensino-aprendizagem, ao sabor do «aprender aprendendo» de tão má memória, pelo que os profes menos atreitos a tal epidemia precisam ser imunizados, reeducados mesmo. Solução? Uma revolução cultural dava jeito, mas na sua falta sai mais um exame da cartola, se é receita para os alunos (sempre em primeiro lugar nas cogitações da tutela e dos educadores), também o é para quem os habilita. Terão sido (mal)encaradas alternativas, a apresentação de atestado de robustez física, certificado de registo criminal, exames às cordas vocais, resultados de testes de endurance da capacidade de encaixe, ou ainda uma declaração de enjeito dos efeitos perniciosos do eduquês, isoladamente ou em arranjos. Todas levaram sopa! A restauração de uma carreira submetida a tratamentos de polé pelo tandem Maria Rodrigues-Victorino Lemos fica para depois. Eu até nem acho que o governo esteja a insistir no achincalhamento de uma classe de profissionais de muitos créditos e cada vez menos réditos. Penso que a governação está tão só a tentar marcar pontos na ultramontana questão da retroatividade (com cortes é que nada tem a ver). Sem dar muitos nas vistas, sem xingar, estão a marcar pontos, os mariolas!..