Apostilha 8
Um professor é colocado num estabelecimento de ensino. No ato de apresentação, é-lhe atribuído um horário, do qual consta aulas, níveis de ensino, atividades, cargos, reuniões, intervalos e outros. Na mesma ocasião é informado dos programas a cumprir, superiormente plebiscitados e aprovados. Começa a dar aulas e bem, é um comunicador e educador e peras, todavia acha os programas desadequados ao nível etário, às apetências dos alunos e às necessidades do meio em que está implantada a escola. Assim, decide recriar os programas, adaptá-los ao tempo e às circunstâncias. Colhe a simpatia que não a adesão de colegas de departamento e persiste no cisma, fazendo orelhas moucas aos alertas de chefias da escola. A tutela move-lhe um processo visando o despedimento, por contumácia reincidente, desobediência agravada e perversão do interesse público.
(Esta parábola foi aventada por um interveniente num debate a propósito da legitimidade do atual governo, especialista em não cumprir programas plebiscitados superiormente.)