Cenas do País Tetragonal (XXII)
Andavam os pensionistas alarmados, mais uma vez. Que lhes queriam retirar nova fatia da mesada. Aqui d’el rei que a gente já não aguenta!
(O contrário de prognósticos de entediados entendidos na matéria.)
De escantilhão, vem por aí o maioral. Compõe a postura de santinho de pau e de pinho e logo atira um rotundo não. Que não se incomodassem, que não planteassem, que não rasgassem as vestes, não levariam mais com a machada.
Vocês são uns queridos e não deixo que vos façam mais mal, foi tudo para nosso bem comum, que eu, por vocês, vou até ao fim do mundo…
Os vossos proventos hão de voltar à forma primitiva, à estaca zero, mas, em troca, terão de aceitar que o anterior abocamento da espórtula passa de extraordinário a ordinário1 e ainda terão de suportar um o agravamento de taxas e emolumentos2, para dar cobertura a essa parada (que remédio!)
Os pensionistas levam a mal o arrojo que as reformas fiquem vinculadas a tais ordinarices, ficando igualmente ao sabor das performances da economia e pelos altos e baixos da demografia.
De início, levaram a conversa para a galhofa, o maioral era danado para a brincadeira. Mas depois repararam no ar sério de capataz e ficaram siderados.
Com a vida das pessoas não se brinca! - disseram.
Não se brinca com coisas sérias! - comentaram.
Não se brinca em serviço! – finalizaram.
O maioral não desistiu da dele e os retirados das lides ativas também não se quedaram de braços caídos.
Só pode!
1 Está previsto que a CES passe a desconto definitivo, brevemente.
2 A TSU, a taxa de desconto para a ADSE e o IVA aumentam, como quem não quer a coisa.