Cenas do País Tetragonal (XXXII)
Sou reformado (já sei fazer a diferença entre reformados e pensionistas, depois de leitura incansável de prospetos eleitorais, de data recente) e terei 2 aumentos da reforma, em 2018.
Obrigado, obrigado, obrigado!
Por acaso, conto-me entre os cidadãos anónimos que acham que o sistema de reformas estará a cumprir assim-assim, apesar dos alarmes dos prosélitos de reformas estruturais que acham que o sistema deveria funcionar assim-assado, com cortes, que a reforma da atual conjuntura económica não resiste sem tirar aos mais fracos e sem altas compensações aos mais fortes, avessos a compartilhar, argumentam.
Em 2018, acho que vou pagar menos de Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares, estranhamente conhecido por IRS, uma coima que abrange democraticamente os cidadãos nacionais sem artes para fugir a tão desditosa derrama.
Obrigado, obrigado, obrigado!
Por acaso, faço parte dum vasto número (ao que suponho) de cidadãos anónimos que acham que não se perdia nada que o IRS fosse encurtado ainda mais, tantos os tributos, os emolumentos, as taxas e taxinhas que já oneram os consumos que forçosamente favorecem o lado dos que reinam nisto. Outrossim, não desconheço que muitos outros cidadãos defendem o agravamento generalizado dos escalões, para assim ficar garantida uma reforma de que a conjuntura económica urge, não vão os sempiternos credores do país queixar-se que a malta gosta de cervejas e de tangas, argumentam.
(E sobre o IMI, não vai ter uma reduçãozita?)
Em 2018, terei de abster-me do consumo de produtos alimentares conservados em teores elevados de cloreto de sódio, enquanto vou procurar fugir a tabaquismos e correlativos (fumados ou não em recessos de balneários), para além de continuar a abster-me de bebidas açucaradas, assim poupo e presto, em simultâneo, homenagem aos mandantes que se preocupam tanto com a minha saúde.
Obrigado, obrigado, obrigado!
Por outro lado, começo a ficar preocupado com esta escalada paternalista dos mandantes no campo das opções alimentares. Já viram se eles se põem a taxar o pão, o arroz, as massas, os frangos de aviários, os gelados pré-fabricados, a comida de plástico e os bifes com o argumento que fazem mal à saúde e causam obesidade cuja regeneração custa balúrdios? O que vai comer o Zé Povinho?! Parece que esta questão não merece grandes reparos aos apologistas das grandes reformas estruturais, pois são detentores de apetites e sabores mais refinados...
Pessoalmente preferia que os nossos mandantes atacassem a inflação onde se cevam a bel-prazer os preços dos bens de todas as necessidades, em qualquer momento e em qualquer lugar (é paradigmático o caso dos preços das gasolineiras que engrossam, com a queda do crude).Uma cura de emagrecimento de preços até podia ficar barata, mas, é impensável remar contra a maré da tessitura económica, certo?
Que não faltem, ao menos, os saldos, as rebaixas, as campanhas de descontos, as promoções e os sorteios, para minorar os efeitos da dita cuja...
Obrigado, obrigado, obrigado!
Querido IRS
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