Contos de fados (I)
- Vens comigo visitar a Ninita?
- Não, hoje não, talvez depois de amanhã!
- Vamos visitar o Nestor?
- Não, hoje não dá, daqui por uma semana, porventura, não digo que que não!
- Vem comigo à da Natasha?
- Não posso, terá de ficar para melhor oportunidade, será melhor daqui por um mês!
- Hoje fiquei de passar por casa do Nazário, vens comigo?
- Não posso, mas daqui por um ano é quase garantido!
- Anteontem deste a entender que poderíamos hoje visitar a Ninita, vamos?
- Hoje nem pensar, tenho o pai doente a necessitar da minha ajuda, fica para a próxima!
- Passamos hoje por casa do Nestor, assim deste a entender faz hoje 8 dias, vamos lá?
- Teremos que adiar, o meu avô paterno está doente e requer as minhas atenções, há mais marés que marinheiros!
- Faz hoje um mês que prometeste que poderias vir comigo a casa da Natasha, vens?
- Vamos procrastinar, hoje tenho uma entrevista de emprego, à qual não posso faltar, fica para a próxima!
- Faz hoje um ano que deste a entender que irias comigo ver o Nazário, vens?
- Não posso, vou casar-me hoje e só se casa uma vez, não posso adiar!
Judite visitou os 4 amigos sempre sozinha. Sempre a irritou aquela falta de sensibilidade de Jónatas, incapaz de formular uma palavra de desculpa, paciência, vais perdoar-me, lamento, qualquer coisa no género…
Não houve casamento algum, Jónatas foi sempre filho de pais incógnitos (do espírito santo) e neto igualmente de avós ignotos, por sua vez o trabalho dele fugia a 7 pés.
Jónatas não gostou de saber que os 5 tivessem comentado, jocosamente, a sua inabilidade para manejar bicicletas e patins, ele que era reiteradamente um ás em motas, em carros particulares, em carros de corrida, em aviões, em drones e até em cápsulas espaciais.