Contos de fados (II)
No início de uma semana.
- Vamos tomar um copo?
- Hoje não, talvez no fim-de-semana.
No fim-de-semana imediato.
- Vamos tomar um drinque?
- Não dá, talvez no próximo fim-de-semana!
No fim-de-semana seguinte.
- Então é hoje que vamos beber um shot ou coisa no género?
- Paciência, mas ainda não pode ser desta, no próximo mês talvez!
No mês seguinte.
- Hoje não escapas, vamos tomar uns copos!
- Desculpa mais uma vez, mas quiçá só para o ano.
No ano seguinte.
- E se fôssemos beber hoje umas jolas?
- Não dá, estou de luto!
«Ufa, gosto das recusas dela!» – desabafava sempre o José, depois de cada tampa da Judite. Adorava ouvi-la, a adiar. Cavalheiro à antiga não admitia outro cenário que não fosse ele a pagar as bebidas, numa surtida. Se ela dissesse que sim, ele teria de abrir os cordões à bolsa e há mais de 2 anos que só contava cêntimos!
(Desconfiaria ela disso?)