Contos de fados (VII)
O bebé chora.
- Maria, vá lá ver de que se queixa o menino!
- Minha senhora, o menino tinha os cueiros sujos. Já lhos mudei.
O bebé volta ao choro e aos berros.
- Maria, o Angelito voltou ao mesmo, vá lá ver de que se queixa!
- Minha senhora, dei-lhe a chupeta, com açúcar. Já está na sossega.
Na volta o cinco-réis de gente torna ao choro e à grita.
- Maria, vá lá ver novamente de que se queixa o meu amorzinho!
- Minha senhora, o menino estava com cólicas, apertei-lhe a barriguita. Já está aliviado.
O cinco-réis de gente não desiste, com mais ganas, o choro e os gritos atroam o ar.
- Maria, vá lá ver de que se queixa novamente o pequenito!
- Minha senhora, estava com fome. Dei-lhe a sopita da praxe. Já está satisfeito.
O puto fica horas infindas sem incomodar. A senhora despacha Maria em nova missão, a ver o que se passava. Maria não hesita, maquinalmente espreita pela porta entreaberta, através da qual se houve o bebé chorão que ressona. Limita-se a cumprir um pró-forma, para os ingleses verem, eles que estavam a comemorar uma parceria de negócios com o cara-metade da dona de casa. Por alguma coisa a mandam aviar uma receita especial de sopas de cavalo cansado.