Diálogos de outono 17
Diálogos de outono 17
- Estou sim, é o Sr. Antunes?
- Sim, sim, como está o senhor Fagundes?
- Bem, graças a Deus! E o senhor Antunes?
- De saúde vou bem, obrigado, Sr. Fagundes!
- Estou a ligar-lhe, porque, daqui por 5 minutos, estarei à sua porta, como combinado, para lhe pagar a continha em dívida. Não há problemas, pois não, Sr. Antunes?
- Vai desculpar-me, Sr. Fagundes, mas um imprevisto está a manter-me longe de casa, neste momento!
- Espero que não seja nada de grave, Sr. Antunes!...
- Efetivamente não, Sr. Fagundes, mas, por conta da infelicidade de outros, eu estou retido, numa imensa fila de trânsito, à entrada da ponte 25 de abril!
- Lamento, Sr. Antunes!
- Assim sendo, só nos resta adiar a sua deslocação cá a casa, para depois do fim-de-semana, Sr. Fagundes, desculpe lá o inconveniente...
- Homessa, está claro que sim, Sr. Antunes. Cá estarei, a ver, se, finalmente me vejo livre desta prestação! Não gosto de ter dívidas pendentes.
- Compreendo. Então, até lá, Sr. Fagundes!
A conversa ao telefone decorre, cumpria o Sr. Fagundes uma visita social a pessoa de estima que vivia no primeiro andar do prédio em que também o Sr. Antunes é um dos condóminos.
Terminada a troca de impressões, o Sr. Fagundes despede-se efusivamente e vai à sua vida.
Ao transpor a porta da rua, dá-se conta que as filhas e esposa do Sr. Antunes, ataviadas para ocasião festiva, olham fixamente a porta do elevador, acabadinho de chegar, e do qual sai o chefe da família.
De um salto, o Sr. Fagundes cola-se às paredes do prédio, já tingido pelas sombras do início da noite e, afrontado, desarvora dali para fora, pernas para que vos quero!!!