Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

oitentaeoitosim

27
Set13

Ladinices 4

Jorge

- Vem cá, meu assessor preferido. Ao que andas, Pantaleão?

- Disfarçado de caça-níqueis, num cenário de entrudo.

- Anda cá ao tio, mostra lá os resultados da coleta de hoje.

  (Apara-me lá este calduço!)

- Olhe, chefe, isto hoje está fraco, quase só deu para ver em que param as mo(e)das.

- Abre mão da coleta, Pantaleão!

  (Apara-me lá este cachação!)

- … 3 punhados de medalhas, outros tantos de moeda falsa, 3 mancheias de moeda local, 3 sacos de serapilheira de moedinhas menores e 3 maços de notas de 5.

- Moeda fraca, não foi para isso que te nomeei moedeiro-mor, Pantaleão.

  (Apara-me lá este caldo!)

- É no que dá a imposição de só sacanear os rascas da praxe.

- Baixa o facho, só me faltava aturar a lambança de um qualquer com pretensões a Zé do Telhado na minha governança. Ter rascas na assadura é a nossa vocação.

  (Apara-me lá este piparote!)

- Tenho virado do avesso tudo o que é saco, saquinho, saquito, saquitel e saquitoilo do pessoal cá do bairro e não é que a arca não se endireita, continua a zorros.

- Vi-te a assobiar para o ar, de mãos nos bolsos, como quem anda aos papéis, ou aos caídos. Por acaso perdeste a letra da canção do bandido, seu Pantaleão relapso?

 (Apara-me lá este croque!)

- Aquela velhota pôs-se aos pinchos e aos gritos, que um carteirista lhe tinha abafado umas notas, a olhar, a olhar desconfiada para mim. Tive de disfarçar, chefe!

- Aquela é uma cidadã acima de qualquer coima, em missão lenitiva. Separar o trigo do joio é dom, treina que não duro sempre, Pantaleão. Este é o território de intervenção prioritária e daqui não saímos.

  (Encaixa lá este puxão de orelhas!)

- Ali na quinta ao lado era canja, enchia o baú, não chamam nomes feios à minha mãe e sempre se alternava.

- A tua mãe já partiu e eu até mandei os meus pêsames por carta registada, com aviso de receção, Pantaleão. Ao que a poupaste, não te ouviu falar no alterne!

  (Encaixa lé este tafoné!)

- Aliviar seletivamente não convence acredor que se preze. Um arrastão é que ficava a matar! A continuar assim, num dia destes, um qualquer corregedor é bem capaz de nos topar à légua e encafuar-nos numa gaiola de melro, a pão-e-água.

- Respeitinho pelas instituições, Pantaleão, ou saco-te do meu governamento. Basta-me estalar os dedos e ponho-te a aplicar talas ortopédicas às cagarras mancas das Selvagens, ou a colecionar piriscas do areal mais próximo.

  (Encaixa lá este beliscãozão!)

- Chefe, não estou a reconhecê-lo! E eu que aceitei alinhar consigo pelo seu bom karma, pela sua integridade moral. Não me dei conta que tinha cabelos no coração.

- Tu fecha-me essa matraca, Pantaleão, se prezas as placas dentárias que ainda andas a pagar A equidade foi criada para camone ver.

  (Deixa-me puxar esse monete!)

- Que tal vender pó?!

- A montante do rio Pó vivia a tua tia e casou-se! Vamos manter o rumo e agora desaparece-me da vista, que se me atravancou uma poeira na lente do olho esquerdo.

  (Toma lá tapa-olhos!)

- Estava eu a falar de pós de perlimpimpim, nacionalizar a coisa…

- A sério, Pantaleão? Até os exportamos, carago!

  (Toma lá galheta e uma bolachada!)

(Com estes e outros mimos, Pantaleão fez uma rosácea bochechal, 3 galos no cocuruto, um par de nódulos no cachaço, calafrios capilares intensos na zona do frontispício do escalpe e traumatismo craniano!)

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2021
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2020
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2019
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2018
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2017
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2016
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2015
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2014
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2013
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2012
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2011
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2010
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2009
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub