Nunca falta rei que nos governe, nem papa que nos excomungue
Johano é um ínclito mestre de economês e até há quem o chame de IETI - Inve(n)tivo Ecónomo de Tangas Interinas –, pelo ao seu modus faciendi e pela fauteza das suas posições anatómicas, financeiras, sociais e outras que tais. Detentor de personalidade vibrátil e mofosa, acha que mais vale ter graça que ser engraçado, daí o dar-se ao gozo com o pagode.
Johano, césar do que lhe aparece pela frente, adora lendas, fábulas dos bons costumes, estórias de encantar e lá vai cantando e rindo. Quando o tiram do sério, costuma sair-se com respostas deblaterantes, o que se destina a manter as tropas em sentido ou de atalaia.
Johano, de perenes neves acumuladas na fronte, não mora nos Himalaias, nas Américas, ou noutras partes da Ásia, vive - e bem! - numa das postas mais ocidentais do continente ao qual foi confiado o nome da mãe de Minos.
Johano, num destes dias, abriu o coração ao «i» e produziu estas pérolas:
A - «A troica passou-nos em todas as avaliações quando nós, de facto, não cumprimos em nenhuma o que tínhamos prometido.»
(A caridade não tem pátria!)
Andamos a produzir muito vinho é o que é…O vinho em excesso serve as exportações, mas não ajuda a cumprir promessas e a guardar segredos...
B - «Em Portugal, se toda a gente tivesse admitido que ia cortar, sobretudo, se os mais poderosos tivessem também feito o seu papel, tinha sido mais fácil para todos.»
(Os poderosos preferem dar de comer e mandar calar!)
Ai fizeram o seu papel, lá isso, fizeram: puseram-se de parte, minudências passam-lhes ao lado. A responsabilidade social deles é amealhar, está na cara! Mas isto é ensinar o padre-nosso ao vigário…
C - «Só há uma maneira de resolver isto: é não haver dinheiro.»
(Não se chama a isto brincar com coisas sérias?)
Respeitinho pelos totens, esqueça essas costelas de carbonário e de adepto ferrenho de futebóis! Bem sabe que os proprietários não embarcam nesse balão…
D - «No BES temos investimentos mal conduzidos e haverá certamente fraude envolvida…»
(Não me parece que tenha trabalhado no BES.)
O que é fraudulento na atividade bancária? Faça aí uma lista, sff…
E - «A base do sistema financeiro é a confiança…»
(A boca fala do que o coração está cheio!)
Deste proforma podem ser dispensados trabalhadores, funcionários públicos e reformados…
F - «Estou convencido que de que os bandidos não mandam e vai ser feita justiça.»
(Chama-se a isto falar com o coração ao pé da boca!)
O meu velho preferia dizer que Justiça tem sete mangas e cada manga sete manhas… E até ser feita justiça, quem arrota com os emolumentos e os juros de mora?
G - «Se levássemos a sério o que dizem, a alternativa era ir para Marrocos…»
(Não me parece que trabalhe para o MNE.)
Fui de visita a minha tia a Marrocos, girofle, giroflá…
H - «Só que o lado privado apertou o cinto por ele e pelo público, e conseguiu equilibrar a situação.»
(Deixemo-nos de meias palavras, assim é que é falar!)
Ou seja, os trabalhadores da privada estão a ser mais apertados, só falta adestrar os malandros do público e os reformados…
I - «Em Portugal, ninguém está interessado em ter um Estado que consiga pagar.»
(Cada um fala, consoante a bota lhe pisa.)
‘pere aí, mas não é o Estado que paga tudo? Paga e não bufa, aos privados, sobretudo, não é? A fazer contas de subtrair morreu o fariseu…
J - «É evidente que a melhor maneira de proteger a língua portuguesa é não se falar».
(Será isto que chamam falar de papo? Ou falar de coração?)
Só por isso ficou por dizer que a criação de emprego passa pela desproteção do salário mínimo. E lembrar que Frei Tomás, grande partidário da desregulamentação, dizia que pela boca morre o peixe e que é preciso baralhar, para ficar tudo na mesma...
(Assim se vai comportando a economia…)