Prolato
Nas lágrimas fica perpetuada a memória
Naquele tempo, deram-se grandes incêndios - deflagrados por causas estruturais e causas conjunturais ainda por precisar, em toda a sua extensão -, com fúria dantes nunca vista numa região recôndita dum extremo peninsular do mundo setentrional revelado.
Um evento excruciante que provocou muito choro e ranger de dentes.
Uns breves anos após o infausto acontecimento, soube-se que estava disponível massa monetária expressiva (em áureos, becas e dracmas), para que fosse cumprida uma homenagem a quem tinha partido de forma tão inglória.
Logo, alguns patrícios avançaram com a ideia de um memorial, com diversas valências, uma das quais era a fartura de água, líquido que purifica e apaga e que tinha estado bastante omisso, na altura da conflagração.
Por sua vez, um grupo de plebeus avançou com o propósito de multiplicar bocas de incêndio, por tudo o que era povoado na região, fazendo antes fé na máxima que dita que a melhor maneira de venerar os mortos é cuidar bem de quem ficou vivo.
Foi feito um apelo a Salomão, para uma sentença definitiva, afinal o pecúlio disponibilizado deveria ser destinado preferencialmente a satisfazer os primeiros, ou os segundos?
Não foi possível uma decisão vinculativa, posto que sua majestade – sempre muito ocupada – desta feita, tem andado a fazer as honras à rainha do Sabá. Audiência adiadas sine die.
(A recordação é o perfume da alma).