Queimações
. Todos os anos em Portugal milhares de hectares da área verde vão à vida por conta de incêndios e 2022 não é uma exceção embora segundo escutei a uma fonte governamental um algoritmo apontasse para ardimentos mais amplos. Os incêndios são beras como a seca a covid e a guerra mas já marcam presença certificada no panorama social da ocidental praia lusitana atente-se que até uma figura de proa asseverou que só se deslocaria às regiões atingidas pelos abrasamentos a se inteirar da situação no fim da época dos incêndios assim despretensiosamente como se falasse da fruta da época ou da época dos saldos ou da época das transferências no futebol ou da época das vindimas ou da época da caça que chegam sempre ao sabor das estações do ano!
. Neste país há leis muito bem feitas para tudo e também as há destinadas a conter a praga dos fogos florestais mas o tradicional laxismo endémico difícil de ser contornado estilo o último que feche a porta também aqui se impôs. Sobram ministérios institutos agências e autoridades que superintendem aos incêndios inclusive há uma agência de gestão de fogos rurais e guardas florestais integrados numa subunidade policial dos quais ignorava a existência confesso tivesse eu algum terreno arborizado e talvez já tivesse ouvido falar mas não me cabe na ideia que o exercício das funções dessa subunidade caiba o pleno das funções dos antigos cantoneiros que desapareceram do mapa mas que dantes se esmifravam em prestações de preservação e conservação das áreas verdes com sucesso embora eu já tenha ouvido dizer que os atuais sapadores florestais vão pelo mesmo caminho dão boa conta do recado mas são poucochinhos!
. Há uma boa dezena de anos a senhora Liliana L M Bento deixou dito numa dissertação mais ou menos por estas palavras que a informação pós-modernista dada sobre a praga dos fogos florestais - a televisiva em particular - está centrada na espectacularização do fenómeno fogo e no drama humano; sugeria então que a mesma fosse substituída por uma informação valorativa da floresta «o que implica a introdução de uma nova abordagem no formato na linguagem e nas imagens que acompanham as peças relativas a incêndios florestais». Ora nem mais assentava bem aos média deixarem-se de tiradas estilo «começam a surgir as condições propícias à deflagração de incêndios» ao invés ficava-lhes bem por exemplo a divulgação várias vezes ao dia das boas práticas de prevenção dos incêndios mas numa sociedade do espetáculo estas palavras leva-as o vento como acontece com as fagulhas certas ou incertas que são elas que estão na eclosão dos fogos florestais e não deixam provas!
. O pior dos incêndios em matas nacionais é que põem em risco vidas e haveres aliás descobriu-se recentemente que os incêndios andam a ter comportamentos nunca dantes experimentados e que uma seca como a atual só há 500 anos se fez sentir. Agora a coisa está a ficar pior porque as áreas verdes andam cada vez mais secas à pala da falta conjuntural de chuva determinada por alterações climáticas impostas à Natureza que também já não suporta de boamente outras atrocidades como o uso e o abuso de carros de aviões de fábricas do imobiliário (tantas vezes esquecido!) da superexploração de mares e oceanos como o uso de culturas desadequadas o recurso a modos de cultivo obsoletos ou a introdução de cultivos agrícolas inapropriados (já para não falar de falhas eminentes no encaminhamento das águas para consumo) porque a ganância e a cobiça é que comandam a gestão dos recursos do planeta o resto é conversa mole para hipnotizar miúdos e graúdos!
. Os incêndios nas florestas e matas nacionais têm origem principalmente em práticas ancestrais de eliminação de matos dispensáveis (centrais de biomassa davam um jeitão!) logo seguidas pelas práticas malsãs dos incendiários que deveriam ser aconselhados a pegar lume quando chove ou dar uma volta ao Bilhar Grande no verão é que fazem falta como a fome aliás também faz falta modernizar o cadastro rural urge otimizar a plataforma virtual de controle de áreas florestais talvez até fosse possível recorrer à chuva artificial para apagar incêndios o que implica o uso de avionetas que algumas más-línguas teimam também em envolver ocasionalmente na mescambilha dos fogos agora que fazia falta um pulso mandante forte agregador de melhores práticas que pusesse travão a este drama repetitivo de há muitos anos a esta parte ao estilo almirantado parece que só assim
Perigo de incêndio na floresta!